415 views 6 mins

Efeito manada: como se destacar sem ser “maria vai com as outras”

em Mais
quinta-feira, 11 de novembro de 2021

Sabe aquela situação em que você agiu guiado pela maioria e não por conta própria? Esse é o comportamento provocado pelo efeito manada. A psicologia explica esse evento como “uma ação de fuga coletiva de animais da mesma espécie” e ele ocorre como uma forma de proteção adquirida através de sua evolução. Mas, quando trazemos para a nossa realidade, estamos falando das decisões influenciadas por um líder, um grupo de influenciadores ou ainda, como chamávamos há poucos anos, os formadores de opinião.

Segundo a psicologia, quando isso acontece os riscos e consequências não são levados em consideração e a tendência é que sejam desconsideradas quaisquer diferenças, havendo um consenso de pensamentos, opiniões e atitudes. As causas deste comportamento são justificadas pela necessidade de o indivíduo se sentir aceito por um determinado grupo, pelo medo de se posicionar de forma contrária e, com isso, sofrer sanções e punições, ou ainda por acreditar que exista uma lógica ou benefício em seguir tal caminho.

Quanto aos riscos, o maior deles é agir de maneira impensada ou inconsequente, podendo colocar em perigo a própria vida ou a de terceiros. No mercado financeiro, o efeito manada causou prejuízos imensuráveis e, na política, a manipulação das massas através de informações, na maioria das vezes não fundamentadas, as fake news. Nas empresas, com o passar do tempo, as pessoas começam a ter atitudes muito parecidas, adotando o mesmo ritmo de trabalho, padrões e comportamentos, e este sincronismo tem explicação: todos tendem a vibrar na mesma sintonia do ambiente que os cerca.

No mercado, mais especificamente nas redes sociais, os influenciadores são como artistas para as atuais gerações. Agindo de maneira muito próxima de seus seguidores, que se identificam por seu estilo, conteúdo ou ideologias, movimentam suas redes, geram engajamento e criam demandas para marcas e produtos. É uma das profissões “do futuro”. Vender através dos influencers é uma das ações mais realizadas pelas empresas na atualidade. Muito disso se deve ao comportamento das novas gerações, que são muito conectadas, multitelas e seguem tendências.

O desafio é se diferenciar neste ambiente em que os comportamentos são padronizados. Nas redes sociais, chamamos de trend as tendências do momento, as modinhas. Uma música, uma dublagem, parte de um filme, uma coreografia ou qualquer outro tipo de conteúdo, que de um dia para outro cai no gosto dos usuários e estoura. Rapidamente e, sem muita estratégia, vimos empresas correrem para entrar na trend e ganhar seus minutos de fama.

Porém, essa ação sem planejamento pode custar caro para uma marca, que pode ser associada a algum conteúdo que não esteja alinhado ao seu posicionamento, seus objetivos e seus valores. Falamos muito em humanizar as marcas e vemos cada vez mais a distribuição das ações, que hora são desenvolvidas em caráter institucional e hora acontecem de maneira mais informal, despojada, onde os próprios colaboradores geram algum material para divulgação, não apenas nas redes corporativas, mas entre seus contatos pessoais também.

Neste caso, por mais que possa parecer algo feito de maneira despretensiosa, é importante que exista um alinhamento de limites, do tipo de vídeo, cenário e até onde a marca pode ser exposta. Recentemente, um colaborador americano de uma das maiores franquias de alimentos fast food do mundo, fez um vídeo onde ele colocava frios em um vaso sanitário, pisava em pães e outros recheios utilizados na montagem dos lanches dos clientes, vandalizando a loja e expondo a marca de forma absurdamente negativa. O motivo? Desespero pela fama.

Para evitar entrar nessa onda, o primeiro passo é estarmos atentos à nossa maneira de se relacionar com os ambientes em que estamos inseridos. A formação de nosso pensamento crítico precisa contemplar a avaliação dos riscos e impactos de nossas ações e, por fim, fundamentar nossas teorias e saber defendê-las de forma inteligente, independentemente de agradar a todos.

(*) – Especialista em Gestão Empresarial pela FGV, CEO da CPD Consultoria Empresarial e da produtora Espacio de Color, gestor da Impera, é mentor em programas do Sebrae-S, do Founder Institute, e voluntário da Singularity University @jeandunkl.