Sofia Gancedo (*)
A cada dia cresce o número de brasileiros que buscam alternativas para fazer o dinheiro render e um dos alvos é o mercado internacional. Entre as possibilidades que este ambiente de negócios oferece, colocar dinheiro em empresas no exterior tem sido uma aposta crescente.
De acordo com o Banco Central, os investimentos líquidos dos brasileiros em ações no exterior, por exemplo, já somam – apenas no primeiro trimestre – metade de todo o resultado de 2020, tanto em reais quanto em dólares. São US$ 1,57 bilhões de janeiro a março ante US$ 3,08 bilhões no ano passado. São R$ 8,65 bilhões em 2021 contra R$ 16,02 bilhões em todo o ano de 2020.
Entre as vantagens de direcionar os aportes para os mercados estrangeiros estão a exposição a moedas mais fortes, ambiente mais competitivo e propício aos negócios, além da proteção contra as crises econômicas internas que podem provocar a desvalorização do real. Então, se o que você busca é segurança, esse pode ser um caminho interessante e que pode trazer lucros substanciais. Investir em ativos internacionais é uma forma de diversificar os aportes, seja por uma oportunidade ou mesmo por proteção.
Ainda assim, existem aspectos comportamentais e burocráticos para levar em conta antes de encarar os investimentos no exterior. Se investir localmente já exige estudo e dedicação, aplicar em um país estrangeiro requer ainda mais preparo – ou mesmo confiar em empresas já estabelecidas. Do ponto de vista burocrático, algumas formas de investir fora do Brasil são tão simples quanto aplicar em uma ação ou um título público brasileiro, enquanto outras apresentam um nível maior de complexidade. Conheça algumas opções:
- – Fundos de investimentos – São uma das maneiras mais simples de investir no exterior sem precisar mandar dinheiro para fora do Brasil. É possível que o seu dinheiro já esteja aplicado por lá, e você nem saiba, já que investidores de varejo podem destinar até 20% do patrimônio para ativos financeiros no exterior, desde que isso esteja previsto na sua política de investimento.
Esses fundos são brasileiros e funcionam do mesmo jeito que qualquer outro – a única diferença é o fato de aplicarem em outros países. Eles são tributados em 15% sobre os ganhos, se forem de ações, ou seguindo a tabela regressiva do Imposto de Renda (com alíquotas de 22,5% a 15%) se forem de renda fixa ou multimercados.
Existem 80 fundos internacionais no Brasil, entre eles, o do banco Morgan Stanley e o Bridgewater, com aplicação a partir de R$ 500,00.
- – Imóveis – Famílias brasileiras mais endinheiradas já têm uma parcela do patrimônio em imóveis fora do Brasil e essa é uma aposta crescente. Uma das tendências que ganharam força com a pandemia, é unir propriedades com potencial de gerar receitas com aluguel e que possam ser usadas nos períodos de férias.
Quem oferece esse tipo de negócio é a Bricksave, uma proptech global que recém concluiu o financiamento de mais de 100 imóveis distribuídos em cidades como Miami, Chicago, Detroit, Viena, Barcelona e Lisboa.
A plataforma, que dá acesso a diversas oportunidades de investimento imobiliário no exterior, tem oferecido rentabilidade em torno de 9% ao ano a partir do recebimento de aluguéis via carteiras digitais, com acesso 24 horas por dia, 7 dias por semana. Para quem aposta na compra de imóveis em países como Portugal, garante a chance de conquistar o chamado Golden Visa.
Ou seja, na prática, a pessoa compra um imóvel em terras lusitanas, a partir de
US$ 350 mil, e tem direito a morar e trabalhar no país europeu, com liberdade de circulação no espaço Schengen (26 países, sendo a maioria da União Europeia), além da possibilidade de adquirir a cidadania portuguesa após cinco anos da autorização de residência; e inclusão da família para morar em Portugal.
O Golden Visa é um regime de imigração jurídico de entrada de estrangeiros em Portugal através de atividades de investimentos. Assim, o estrangeiro que fizer investimentos em imóveis, criação de vagas de trabalho, ou transferências de capitais para o país se torna elegível ao visto. A Bricksave oferece, inclusive, consultoria em todo o processo de obtenção do visto.
- – BDR – Os Brazilian Depositary Receipts – ou apenas BDRs – são certificados que representam ações emitidas por empresas no exterior, mas negociados aqui no pregão da B3. São valores mobiliários que têm como “lastro” papéis de companhias estrangeiras, e a partir de setembro de 2020, também brasileiras. Em resumo, os Brazilian Depositary Receipts são certificados de depósito de valores mobiliários que correspondem a títulos emitidos no Brasil, mas que representam ações de empresas no exterior.
Eles permitem investir em ativos estrangeiros sem tirar o capital do Brasil, e podem ser convertidos em ações a qualquer momento.Segundo as últimas atualizações, quando a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) anunciou novas regras, os investidores pessoas físicas não qualificados (que possuem menos de 1 milhão de reais investidos em ativos financeiros), podem comprar ações de empresas internacionais como Google, Apple, Facebook, Amazon, Netflix, Tesla entre outros, via BDRs.
Os custos envolvidos são semelhantes aos de uma operação com ações comum. O investidor deve pagar taxa de corretagem, de custódia e emolumentos. A tributação pelo Imposto de Renda é de 15% sobre o ganho obtido nas negociações.
Seja qual for a escolha, é importante analisar quais são os objetivos do investimento e qual é o risco que o investidor está disposto a encarar.
A dica primordial é, se o seu investimento será realizado por meio de um intermediário, esteja certo de que optou por uma empresa idônea, para que os seus ativos sejam tratados com o máximo de respeito e segurança.
(*) – É COO da Bricksave e licenciada em Administração de Empresas pela Universidade de San Andrés e mestre em Economia pela Eseade.