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SPACs: saiba o que são e como operam

em Destaques
quinta-feira, 30 de setembro de 2021

As SPACs (Special Purpose Acquisiton Company ou Companhia com Propósito Específico de Aquisição, na livre tradução) surgiram há cerca de 20 anos nos Estados Unidos, mas somente agora é que esse tipo de modelo de negócios começa a atrair o real interesse de investidores tanto nos EUA como no resto do mundo.

Elas são criadas com o objetivo exclusivo de captar recursos e adquirir futuramente uma outra companhia. Para se ter uma ideia do “boom” desse tipo de operação, em 2019 foram contabilizados 52 IPOs de SPACs nos Estados Unidos; 235 no ano passado e 298 até agosto deste ano por meio dessas operações, de acordo com a SEC (Securities and Exchange Comisson ou Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos).

Mas afinal de contas, o que é uma SPAC? É uma empresa recém-criada sem negócios ou ativos, formada para levantar fundos em um IPO com o objetivo de encontrar uma empresa para adquirir. Normalmente isso ocorre no período de 18 a 24 meses a partir do IPO (oferta pública de ações) da SPAC. Os recursos captados no IPO da SPAC são mantidos em uma conta segregada. Só podem ser utilizados para a aquisição de um negócio ou resgate das ações dos investidores do IPO que decidirem desistir do investimento.

Os gestores ou investidores profissionais (patrocinadores) criam SPACs e procuram um negócio para adquirir. Quando encontram essa oportunidade, a remuneração do patrocinador acontece por meio de uma participação na SPAC (20% pós-IPO, emitido pelo valor nominal) que normalmente não é resgatável (ao contrário das ações dos investidores IPO).

No IPO, os investidores receberão “Units”, compostas por uma ação resgatável da SPAC e uma fração de um bônus resgatável para comprar mais ações após a aquisição de um negócio, que podem ser negociadas em bolsa ou desmembradas e negociáveis separadamente. Para cobrir as despesas iniciais da SPAC, o patrocinador normalmente adianta os recursos integralizando ações ou na forma de empréstimos à SPAC.

Existem várias estruturas possíveis para implementar a combinação de negócio da SPAC com a empresa-alvo, mas na maioria das vezes uma subsidiária integral da SPAC se funde com a empresa-alvo, com a empresa-alvo sobrevivendo a tal fusão como uma subsidiária integral da SPAC e os acionistas da empresa-alvo acabam recebendo ações da SPAC em troca. “Como resultado da combinação de negócios, os acionistas da empresa-alvo normalmente possuem a maioria do capital da SPAC pós-fechamento, e a administração da empresa-alvo dirige o negócio.

Como parte da combinação de negócios, a SPAC normalmente capta recursos adicionais com investidores PIPE (investidores institucionais que fazem um investimento privado em empresas públicas) para atender à condição de caixa mínima no acordo de fusão e para aumentar o volume de recursos disponíveis para a empresa-alvo”, explica Carlos Lobo, sócio do Hughes Hubbard & Reed LLP.

A combinação de negócios depende da aprovação dos acionistas da SPAC e da empresa-alvo. “Depende do que consta na documentação da companhia, mas tudo isso é validado antecipadamente a partir da assinatura de acordos de voto”, diz Lobo.

Conheça prós e contras do modelo:

. Prós – A avaliação está bloqueada no início do processo e não no final como ocorre em um processo de IPO tradicional – a empresa-alvo saberá o preço quando assinar o acordo de combinação de negócios com a SPAC.

  • Execução mais rápida do que o IPO tradicional – porque o SPAC já concluiu seu IPO. A transação de incorporação da SPAC é concluída de 3 a 4 meses ante 6 a 10 meses para um IPO tradicional.
  • Ao solicitar procurações de seus acionistas para aprovar a combinação de negócios, uma SPAC pode usar projeções de como o negócio deve se desenvolver, o que não é permitido em um IPO tradicional.

. Contras – Devido à remuneração do patrocinador e os bônus de subscrição, os acionistas da empresa-alvo sofrerão diluição.

  • O cronograma comprimido apresenta desafios quando se trata da “prontidão para IPO” da empresa-alvo.
  • Os investidores da SPAC podem resgatar suas ações se não gostarem do negócio, criando incerteza quanto à quantidade de dinheiro que estará disponível para a empresa combinada (na ausência de um PIPE ou arrecadação de fundos de apoio do patrocinador).
  • Os patrocinadores e investidores do PIPE podem querer sair rapidamente após a transação de combinação da SPAC, criando pressão sobre o preço das ações da empresa combinada.

Ciclo de uma SPAC:

1) IPO da SPAC
2) Identificação de empresas-alvo
3) Assinatura da carta de intenções
4) Processo de marketing PIPE
5) Assinatura do acordo de combinação de negócios entre a SPAC e a empresa-alvo e acordo de subscrição do PIPE entre a SPAC e os investidores PIPE
6) Apresentação preliminar de declaração de procuração / registro (a divulgação exigida é semelhante às informações exigidas no prospecto IPO, com a diferença fundamental de que as projeções são permitidas na fusão da SPAC)
7) Processo de revisão da SEC e finalização da declaração de procuração / registro
8) Decisões de resgate devidas pelos acionistas da SPAC
9) Assembleia de acionistas da SPAC para aprovar a combinação de negócios
10) Validação de outras condições de fechamento, especificamente condição de caixa mínimo.
11) Fechamento de combinação de negócios – agora a empresa alvo é uma empresa pública. – Fonte e outras informações: (www.hugheshubbard.com).