Igor Castro (*)
O WhatsApp se tornou um dos aplicativos de conversação mais utilizados no mundo. Ao mesmo tempo, contudo, vem sendo um dos meios mais utilizados para ataques cibernéticos. Apenas no Brasil, foram registrados cerca de 8,3 milhões de tentativas neste canal no primeiro trimestre de 2021, segundo dados da Kapersky.
Quando bem-sucedidas, podem prejudicar não apenas o consumidor final, especialmente por meio de extorsões financeiras, mas inclusive as empresas e suas relações com os clientes, com danos sérios à sua imagem no mercado. Seja qual for o crime cibernético, as tentativas de golpe organizadas pelos criminosos vêm se tornando impressionantemente criativas.
A cada canal, os métodos e estratégias são adaptados para que consigam obter informações ou extrair dinheiro de suas vítimas, assim como ocorre no WhatsApp – onde a grande maioria dos crimes decorrem dos vazamentos de dados.
Com o número em mãos, os hackers costumam criar contas falsas em um telefone fake, se passando pelo usuário para extorquir alguma quantia financeira.
No caso das pessoas físicas, já se tornou comum bloquear fotos para contatos desconhecidos, o que auxilia, de certa forma, a proteger nossos conhecidos contra este crime. No caso das empresas, contudo, se torna muito mais fácil se passar por elas, uma vez que mantém seus perfis abertos para que consigam se comunicar.
Por mais que seja uma ação plausível para manter um bom relacionamento com os clientes, acaba possibilitando uma maior facilidade de sucesso nos crimes cibernéticos.
Mensagens comunicando promoções ou oferta de benefícios, como exemplo, são algumas das mais comuns, nas quais reforçam a solicitação de dados como CPF, RG, conta bancária ou, até mesmo, transferência por meio de um boleto em troca da liberação. Diante de inúmeras possibilidades de golpes via WhatsApp, a melhor prevenção é a atenção permanente. É importante que as companhias estejam sempre de olho em suas redes sociais e sites de reclamação, verificando se algum tipo de crime está sendo desenvolvido.
Se possível, invistam em profissionais específicos para essa tarefa para garantir o máximo de cuidado – caso contrário, a imagem do seu negócio pode ser prejudicada. Afinal, uma vez disseminado e compartilhado na internet, se torna mais difícil recuperar os danos causados. Principalmente no caso de empresas, onde caso um criminoso tenha acesso ao número oficial, poderá encontrar a lista inteira de contatos da companhia.
Mesmo que o aplicativo de conversação tenda a bloquear rapidamente a tentativa de golpe, em pouco tempo é possível disparar uma série de mensagens para os usuários, com grandes chances de extorsão de dados ou dinheiro. Por isso, sempre deixe claro no site da organização os canais oficiais utilizados na comunicação com o cliente, assim como todas as promoções feitas para que, em caso de suspeitas, consiga denunciar o ocorrido, comunicar seus clientes e, bloquear o número o mais rápido possível.
Para auxiliar, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) veio para tentar amenizar esses casos, agora com a aplicação de multas, caso as empresas não cumpram com o dever de proteger, ao máximo, os dados de seus usuários. Sempre desconfie do excesso de sorte, promoções mágicas e mirabolantes. Não pague boletos de números desconhecidos, clique em links suspeitos ou forneça dados no WhatsApp para números com os quais nunca tinha conversado antes.
Por mais que a tecnologia venha para facilitar e otimizar diversas tarefas, também abre espaço para técnicas diversas e criativas de golpes. Viveremos em uma corrida sem fim, em prol da segurança de nossas informações.
(*) – É Diretor de Produtos e Tecnologia na Pontaltech, empresa especializada em soluções de voz, SMS, e-mail, chatbots e RCS (www.pontaltech.com.br).