Fábio Lopes (*)
O setor de eventos foi um dos que mais sofreu desde o início da crise do coronavírus em 2020.
Antes da pandemia, este setor realizava em média mais de dois mil eventos e movimentava R$ 1 trilhão ao ano, de acordo com dados da União Brasileira de Feiras e Eventos de Negócios – Ubrafe. Do ano passado até hoje, foram grandes os danos. A Associação Brasileira dos Produtores de Eventos – Abrape aponta que 97% dos eventos de 2020 foram cancelados, resultando numa redução de 450 mil empregos diretos e indiretos.
Apesar do fim de ameaça da doença ainda estar longe no cenário brasileiro, houve grandes avanços nos índices de mortes e casos graves da doença com o maior índice de vacinas aplicadas no País. E, se essa melhora seguir adiante, será possível vermos o ressurgimento dos eventos neste segundo semestre. A Olimpíada de Tóquio é um exemplo fora do Brasil, mas é um caso prático de que existe a possibilidade para a retomada.
Os locais de jogos seguem protocolos de segurança, que incluem o uso de máscaras de proteção facial, realização de testes de Covid antes do acesso aos ginásios esportivos, distanciamento social, aferição de temperatura e restrição de tempo de permanência nos locais dos jogos.
A Abrape monitora desde julho de 2020 a disposição do brasileiro para ir a eventos e mesmo com 79% apontando alta preocupação quanto a ida durante a pandemia, a última pesquisa (julho 2021) indica que oito em cada 10 participantes gostariam de frequentar festas, shows e convenções. No entanto, eles acreditam que não poderá ser como antes, pois 54% apontam a obrigatoriedade do uso das máscaras e 37% reforçam a exigência da vacinação e/ou teste rápido para a Covid-19.
A tecnologia vem contribuindo para que o segmento de eventos continue em movimento e a adoção de plataformas digitais se tornou uma alternativa viável para minimizar os impactos da pandemia.
As câmeras termográficas, que medem com alta precisão a temperatura das pessoas, assim como as câmeras com softwares embarcados de Inteligência Artificial que monitoram a distância entre os visitantes, o tempo de permanência e o número de pessoas, possibilitam maior segurança nesse período ainda um pouco incerto. Ainda, drones com recursos inteligentes podem indicar número excessivo de pessoas ou aglomerações em áreas externas abertas.
Sabemos que ainda não há fórmula pronta para reverter por completo o cenário do setor de eventos. Como medida paliativa, as organizações estão experimentando novos modelos híbridos de interação, com um presencial restrito e o online mais massificado. Mas é certo que a tecnologia avança muito rapidamente e pode ser totalmente aplicada ao suporte à retomada deste setor ainda neste ano.
Os eventos com o ambiente on-line e presencial já podem (e devem) estar nos planejamentos do mundo pós-pandêmico, ao englobar a interação pessoal, as discussões face a face, a inclusão e, acima de tudo, a acessibilidade, para que pessoas de diferentes localidades possam ter a oportunidade de se envolver com a inovação e a evolução da tecnologia.
É válido reconhecer a tecnologia como uma aliada na retomada da economia e, mais especificamente, do setor de eventos. Ela ressignificará a construção dos eventos daqui para frente, sejam eles on-line, híbridos ou presenciais.
(*) – É líder de verticais da Dahua Technology.