Gonzalo Raspini (*)
O setor de construção civil é um dos que gera mais impacto no meio ambiente em todo o mundo, incluindo o consumo de água.
Segundo o Conselho Brasileiro de Construção Sustentável, o segmento é responsável por 30 a 40% das emissões de CO2 e é considerado a indústria que mais gera resíduos do planeta. A emissão de CO2 dos produtos de construção, em geral, responde a dois fatores: energia consumida no processo de fabricação e às emissões diretas produzidas nesse processo.
No mundo atual, não dá mais para ignorar a necessidade de construir de forma sustentável. Idealmente, uma construção sustentável começa na planta do edifício, considerando quais são os aspectos que influenciarão posteriormente na determinação de sua classificação. Se possível, diferentes alternativas devem ser avaliadas, como o tipo de estrutura e revestimento, para então escolher a solução mais sustentável.
Sim, tem de planejar, conhecer os materiais e o ciclo de vida deles – desde a fabricação até a aplicação final. Deve ser uma “Construção 5.0”, numa referência direta à Indústria 5.0. Nas últimas duas décadas, vários métodos foram desenvolvidos e aplicados para avaliar e certificar a qualidade do edifício ou projeto, estabelecendo o seu grau de sustentabilidade. Seu uso é voluntário, mas esses sistemas de avaliação fornecem arquitetura com valor agregado para competir no mercado (Leed, Green Star, Weel etc).
Alguns parâmetros que podem ser úteis para avaliar a escolha de um material, de acordo com seu ciclo de vida, são analisar qual impacto esse material terá ao longo do tempo e de acordo com seus atributos ou propriedades, seja qualidade e desempenho; composição química; melhoria do ambiente interno qualidade do ar; comportamento ao fogo; conservação, economia de energia e eficiência energética; durabilidade; degradabilidade ou compostabilidade do material.
A seleção dos materiais deve ser considerada como uma atitude transformadora, a partir de critérios que priorizam a saúde das pessoas, o cuidado com o meio ambiente e a preservação do planeta. O uso de materiais como aço e isolantes térmicos, que com menos massa cumprem todas as funções que uma construção requer, é uma grande contribuição para mitigar as mudanças climáticas.
É importante ter em mente que nem todos os materiais considerados recicláveis contribuem da mesma forma para a sustentabilidade. Além do potencial de reciclabilidade e seu percentual, deve-se considerar se existe um circuito estabelecido para sua recuperação e reciclagem.
O aço, em suas diferentes formas, não só têm possibilidade de reaproveitamento, mas também há um circuito de recuperação de sucata de aço que permite sua utilização na fabricação de aço novo. Outro aspecto importante a se considerar é que o aço é 100% reciclável e não guarda memória de usos anteriores. O que hoje é a carroceria de um carro vai virar perfil e esse perfil, se não for reaproveitado, vai virar geladeira.
A consciência ambiental cresce a cada dia e a construção não está imune a isso. Planejar a sustentabilidade dos edifícios é um fator que deve ser tratado como prioritário.
(*) – É diretor da Barbieri do Brasil.