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A receita das empresas que sobrevivem à pandemia

em Destaques
terça-feira, 13 de julho de 2021

Nyldo Moreira (*)

Quem já precisou ir ao shopping ou às ruas durante a pandemia, deve ter reparado na quantidade de lojas fechadas. Um quarto das pequenas e médias empresas fecharam desde o início da crise sanitária, de acordo com uma pesquisa realizada pelo Facebook em abril. Na contramão, 3,3 milhões de novas empresas surgiram desde o ano de 2020 no Brasil. Esse último dado, da Serasa Experian, também revela que essa taxa cresceu 8,7% em comparação com 2019.

O ano de 2021 já ultrapassou a marca de 20 empresas que abriram IPO na bolsa, ou seja, a oferta pública de ações. Até o início deste mês, o total acumulado por empresas novatas que captaram em ofertas primárias foi de R$ 16,3 bilhões. Eu quero trazer ao menos um fator relevante que ajuda a escalada dessas empresas e que nada tem a ver com políticas públicas. Você sabe como várias das quase 20 milhões de empresas estão conseguindo sobreviver à pandemia e até crescer na crise?

No início da pandemia, o Governo Federal liberou um montante de R$ 34 bilhões para empresas que estavam necessitando de fôlego para cumprir as despesas com pessoal, desde que não houvesse demissão de funcionários por pelo menos 60 dias. O valor é muito distante dos 175 bilhões de dólares que os Estados Unidos ofereceu às empresas americanas. Muitas das companhias que insistiram em seu funcionamento durante a pandemia cresceram e surpreenderam o mercado, independente de políticas governamentais.

Sabe o que algumas dessas empresas têm em comum? – Companhias como a Magalu, que cresceu 49% no ano passado e tornou-se a maior varejista do país, e o GetNinjas, uma das maiores plataformas de profissionais e serviços do Brasil, que abriu seu IPO com oferta de mais de R$ 500 milhões na bolsa – elas se comunicam com seus investidores, com o mercado e com o seu público de clientes por meio de uma ferramenta chamada Relações Públicas, ou PR (sigla de Public Relations em inglês).

Não é apenas dizendo que cresceram que essas empresas costumam se comunicar com o público, tampouco apoiadas apenas em publicidade, que também garante um tráfego importante para seus negócios. Essa sigla, chamada de PR, faz um raio-x das companhias para contar histórias de dentro para fora, costurar novas relações e, principalmente, fortalecer a imagem das empresas, seja na crise ou não.

Uma pesquisa realizada pela ADP Research Institute, no fim de 2020, apontou que 18% dos trabalhadores brasileiros estão totalmente engajados em suas empresas. O estudo também diz que todos aqueles que tiveram alguma experiência com a Covid-19 aumentaram sua resiliência. E o que isso tem a ver com Relações Públicas? Se a sua empresa não tem quem cuide desse setor, como você divulgaria as suas políticas nesse período, sem comercializar a notícia, ou sem retirar o humanismo dela?

O olhar de um profissional desse setor consegue apurar as melhores informações e colocar de fato o que humaniza a corporação. Esses dados quando trabalhados para o público destacando a empresa como uma importante marca empregadora, também refletem na decisão de compra do cliente. Como diz o cofundador do Gestão 4.0, Alfredo Soares, em seus livros “Bora Vender” e “Bora Varejo”, “um consumidor compra experiências”. E eu complemento dizendo, um consumidor compra experiências e aquilo que ele ouve ou lê sobre elas.

Imaginem o quanto as Edtechs podem ter sofrido desde o início da pandemia! Quando as escolas precisaram fechar, por exemplo. Algumas dessas startups, que operam ao lado de instituições de ensino, mudaram seus principais produtos. Uma delas, a Evolucional, em meio ao turbilhão de alteração de sua ferramenta principal, recebeu um selo de melhor lugar para se trabalhar, o GPTW.

Destaco que, além das ações internas, as chamadas endomarketing, essas empresas também relatam para o seu público toda a sua transformação digital e por meio do PR ou de uma assessoria de imprensa é possível desenhar estratégias para isso, para fortalecer imagem e comunicar novos rumos.

A Deloitte trouxe dados de uma pesquisa dizendo que 56% das empresas esperavam problemas com inadimplência dos clientes. Essa é uma pergunta importante para ser feita ao seu negócio: vamos sofrer mais impactos financeiros? E como muitas empresas conseguiram driblar a crise fazendo com que os seus clientes continuassem consumindo e honrando os pagamentos?

Observe que muitas delas estavam se comunicando com o seu público, estavam estampando tablóides, gerenciando suas redes sociais e evitando o anonimato. O seu cliente precisa ser seu fã, antes de ser seu comprador. Quando o seu negócio está em constante comunicação, você tem altas chances de converter um público em fã. Ele conhece a jornada da marca e a caixa-preta que faz muitos deles se encantarem de dentro pra fora.

O que une em comum o sucesso dessas empresas que eu citei é em como elas investem na comunicação de seus negócios. Infelizmente as políticas de empreendedorismo no Brasil não chegam nem perto do aplicado em outros países, e por aqui é preciso reunir cada vez mais ferramentas para suprir essa falta. A ferramenta das Relações Públicas cresce e ganha cada vez mais importância nesse espaço.

De acordo com a CVM, ao menos 37 empresas aguardam na fila para realizar IPO. No meio das startups existem aquelas que estão prestes a receber aportes e virar unicórnios, ou seja, valendo mais de R$ 1 bilhão no mercado, como recentemente aconteceu com a Deel.

Essas empresas só conseguem difundir valor, propósito e escalabilidade quando há alguém cuidando das Relações Públicas da marca, é a receita do bolo. Essa é uma das principais ferramentas desses negócios que sobrevivem à pandemia e até crescem durante a crise.

(*) – É Head de Atendimento na Fala Criativa (https://falahub.com.br/falacriativa/).