Jarlon Nogueira (*)
Com um mercado em constante mudança, o setor logístico enfrenta cada vez mais exposições no transporte de cargas.
Entregas rápidas e seguras exigem uma abordagem holística que precisa levar em conta o gerenciamento de riscos de transporte. A importância do transporte rodoviário como uma função crítica da cadeia de suprimentos é frequentemente subestimada. Com prazos apertados e acordos contratuais de entrega rigorosos, qualquer atraso inesperado pode ter um impacto financeiro significativo capaz de repercutir em todo o processo de negócios.
Mesmo em um cenário pandêmico, o volume de carga transportada por rodovias aumentou 62% em 2020. O agronegócio, o setor de construção civil e o transporte de produtos industrializados ‘puxaram’ o resultado positivo. É impossível negar a importância do transporte rodoviário para o país. O modal é responsável pelo transporte de 65% de todas as cargas, emprega 1,5 milhão de pessoas e representa em média 7% do PIB.
E, sem dúvidas, esses números não passam despercebidos das mentes criminosas. De acordo com levantamento da NTC&Logística, foram mais de 14 mil registros de ocorrências de roubos de carga em rodovias e áreas urbanas em 2020. O prejuízo chega a R$1,2 bilhão. As cargas de remédios, combustíveis e alimentos são as mais procuradas. Como resultado, a ameaça ao transporte rodoviário de mercadorias tornou-se uma grande preocupação para os negócios e muitos transportadores estão procurando a engenharia de risco para gerenciar as exposições de cargas.
Quadrilhas especializadas em roubo de carga também estão usando métodos cada vez mais sofisticados. Além de encenar falsos acidentes rodoviários, as tendências crescentes incluem também o uso de falsos postos de controles ou paradas policiais e locais de entrega fraudulentos. No entanto, à medida que as perdas aumentam, o crime relacionado ao transporte está se tornando um problema grave para transportadores e embarcadores. Na verdade, é preciso estar preparado!
Aí entra a importância de se realizar, em cada viagem, a gestão de riscos. Esses processos, para serem bem-sucedidos, precisam envolver toda a logística e cadeia de suprimentos. O objetivo: soluções eficazes precisam ser encontradas no contexto de onde os problemas ocorrem. O setor de transporte depende muito de funcionários sazonais, sejam eles contratados ou subcontratados. Portanto, o recrutamento e a verificação de parceiros e funcionários são vitais.
Quão bem as transportadoras conhecem os motoristas que prestam serviços? Precisa ser uma relação baseada em confiança! Por isso é tão importante que a gestão de riscos envolva, em primeiro lugar, uma checagem minuciosa. Essa verificação precisa levar em conta itens que vão muito além de antecedentes criminais, como a realização de uma investigação da situação financeira de cada candidato a parceiro (débitos, cheques sem fundo, análise de crédito, etc).
Muitas transportadoras já compreenderam que prevenir é muito melhor do que remediar. Até porque as seguradoras só aceitam cobrir cargas caso a gestão de riscos seja realizada. Porém, infelizmente, essa ainda não é uma prática comum, não sendo realizada em 100% dos fretes. E será que as transportadoras estão preparadas se algo der errado? O amplo escopo do problema deixa claro que lidar com as ameaças crescentes exigirá os esforços combinados de todas as partes interessadas.
A implementação de algumas ações práticas ajudará muito a mitigar o risco de perdas financeiras. É necessário ser proativo, buscando maneiras de tornar os processos mais seguros e assertivos. No final das contas, uma atuação preventiva minimiza dores de cabeça futuras para todas as partes: motoristas, transportadores e embarcadores!
(*) – É CEO da AgregaLog – transportadora digital que oferece soluções inovadoras de logística de transporte para a indústria (www.agregalogtransportes.com.br).