Bernardo Knabben (*)
A futurologia é uma ciência tão fascinante quanto arriscada.
Em momentos de transformações profundas como o atual, muita gente se põe a imaginar como será o mundo após a pandemia. Como professor e empreendedor em educação, sou um observador atento e gosto de prestar atenção a sinais que, se não determinam irrefutavelmente o que virá, nos fornecem pistas seguras para antever o futuro próximo. Pinçarei trechos de duas análises recentes que circularam recentemente e que você provavelmente já viu, mas talvez não tenha se detido aos detalhes.
O primeiro é um dos tradicionais anuários da inglesa The Economist, The world in 2021 (O mundo em 2021), onde a revista lista 20 forças que moldarão o mundo pós-Covid e pós-Trump. Eis o que vem por aí, segundo a publicação: “A educação nunca mais vai voltar a ser igual. Torna-se cara a cara, mas tecnologicamente adaptável. Cada um é o que precisa. Estudar offline e online será normal. Escolas e universidades são transformadas em um esquema híbrido para sempre”.
A segunda vem da rede social LinkedIn, que divulgou um guia de 20 grandes tendências batizado de Big Ideas 2021. Os editores do LinkedIn News destacam o surgimento de um novo conceito de viver no espaço urbano: o das cidades de 15 minutos, criado pelo professor australiano Frederik Anseel. “Já pensou em morar a 15 minutos, a pé ou de bicicleta, de tudo que você precisa?”, indaga o LinkedIn.
“Com a pandemia, foi possível vislumbrar que diversas categorias podem trabalhar de suas casas, promovendo uma remodelação da mobilidade urbana. O mundo vai ver cada vez mais ciclovias temporárias, com comunidades se formando em torno de pequenos centros. Grandes cidades como Paris, Londres e Sydney poderão se tornar vastas áreas urbanas constituídas de algumas comunidades menores, cada qual com o seu próprio centro”.
Não é preciso ser um futurólogo para constatar que essas são mais do que duas tendências. São realidades. Com o que aprendemos na pandemia, a educação definitivamente derrubou a barreira da presencialidade e morar em uma cidade de 15 minutos se tornou tão desejável quanto essencial. E tudo isso reforça a contemporaneidade de um ambiente que hoje abriga mais de 7 milhões de estudantes universitários no país e só cresce: o ensino a distância.
Para demonstrar isso, hoje há mais alunos online no ensino superior brasileiro do que no regime presencial. No universo do EAD existe um ator indispensável e cada vez mais posicionado a menos de 15 minutos de distância do aluno: o Polo de Apoio Presencial, local onde acontecem etapas obrigatórias como provas, tutoria dos conteúdos e atividades nos laboratórios. É o lugar da aproximação humanizadora, onde o aluno é recebido e se sente de fato parte integrante de uma formação.
A dimensão social tão enriquecedora para o desenvolvimento do aluno se exerce no polo. Enquanto se desenha a educação do futuro, basta olhar e ver que a tecnologia, a mobilidade e a humanização – três ingredientes indispensáveis para um ensino de qualidade – já estão presentes no modelo oferecido por muitas instituições no regime EAD.
Nesta realidade, os Polos de Apoio Presencial se tornam o local onde o aluno viverá uma experiência acadêmica, pedagógica e também de interação social e construção de networking, tão necessária no mundo moderno. Se o futuro é logo ali, então os polos já estão no futuro.
(*) – É Presidente da Associação Brasileira de Polos de Ensino a Distância (ABPolos).