O avanço da pandemia e as incertezas sobre uma possível terceira onda têm tirado o sono de milhões de brasileiros que passam por dificuldades econômicas. A quarentena, o fechamento dos comércios e o crescente desemprego se traduzem em altos índices de endividamento e inadimplência. Pesquisa do Instituto Travessia mostra que oito em cada dez brasileiros (78%) acreditam que o impacto da crise gerada pela pandemia será devastador para a economia nacional.
“Em momentos como o que vivemos, fica evidente a importância de construir um orçamento enxuto e de ter reservas financeiras para atravessar a tempestade. O brasileiro não tem a cultura de poupar, mas há medidas que podemos adotar para, ao menos, minimizar o impacto da recessão”, afirma o especialista em planejamento financeiro e gestão de risco Hilton Vieira.
Atitudes simples como colocar no papel todas as despesas, fazer a lista antes de ir ao supermercado e até planejar a compra de medicamentos de uso contínuo podem ajudar a diminuir os custos. “Faça uma previsão dos seus gastos, com as despesas fixas e variáveis, e estabeleça um corte de 15% no valor. Estabelecer essa meta fará com que você se esforce para pensar em todas as possibilidades possíveis para cortar custos”, diz.
Vieira alerta que tudo deve ser negociado e planejado. “Faça acordo para diminuir as anuidades dos cartões. Uma dica é cancelar o cartão atual e pedir um novo. Você ajusta a anuidade e ainda revisa todos os gastos e assinaturas mensais que se renovam automaticamente e de forma inconsciente, sem que você nem perceba. Planeje a compra de remédios em blocos de acordo com os descontos dos laboratórios.
Faça pesquisa antes de ir ao supermercado e escolha os dias de promoções. Leve uma lista para não comprar produtos que não precisa e gastar além do que pode e deixe para trás a ideia da compra do mês. Compre apenas o que usará naquela semana”, ensina. Uma boa fonte de economia é aproveitar as promoções e renegociar contas, como telefone e internet, e rever os hábitos de consumo. Nesses períodos, só se deve comprar o necessário. É preciso resistir ao impulso.
“Muitas vezes ficamos acomodados com nossos planos de serviços, mas devemos pensar se precisamos mesmo de tudo o que temos contratado. Por outro lado, também nos apegamos a algumas marcas, mas sempre é bom pensar por que não mudar e comprar outra por um preço melhor? Além disso, questione se a compra é imprescindível. Se não for, adie”, avalia o especialista.
Os programas de cashback, aqueles em que você recebe de volta parte do dinheiro que gastou, são bons aliados na busca da redução de custos. “Vejo os programas de cashback como mais interessante do que cartão de débito, pois eles têm uma contrapartida. Estude-os e busque o melhor para a sua estrutura financeira e comodidade”, diz Vieira.
O especialista orienta que o dinheiro economizado deve ser poupado como uma reserva de emergência. “Esse é o dinheiro que o ajudará nesse período de crise. Aplique em um investimento de liquidez imediata, que renda pelo menos o CDI. Uma opção é abrir contas em bancos digitais que oferecem esses ativos, com rentabilidade superior a uma poupança e ainda não cobram taxas de manutenção e de vários serviços como os bancos tradicionais”, orienta.
Mas se ainda assim os apertos financeiros continuarem e for preciso fazer um empréstimo, é fundamental, segundo o especialista, pesquisar para encontrar a instituição que oferece as menores taxas e os melhores prazos. “E certifique-se que essa parcela esteja previsionada no seu orçamento mensal para não incorrer no risco de inadimplência”, afirma.
Dicas para sair do sufoco:
- Colocar no papel todas as despesas fixas e variáveis.
- Estabelecer a meta de redução de 15% no valor dos gastos.
- Fazer lista de compras e pesquisar promoções.
- Faça compra semanais.
- Planejar compra de medicamentos de uso contínuo para aproveitar descontos de laboratório.
- Buscar bancos e fintechs que não cobram taxas de manutenção e de serviços.
- Renegociar contas como telefone e internet e revisar assinaturas mensais.
- Usar programas de cashback.
- Investir o dinheiro economizado em uma aplicação de liquidez imediata que renda pelo menos o CDI.
- Se fizer empréstimo, pesquise as menores taxas e os melhores prazos e se certifique que as parcelas caibam no orçamento.