Com o objetivo de apresentar ao mercado o que deverá nortear as principais discussões nas reuniões dos conselheiros em 2021, o EY Center for Board Matters (CBM), área da EY dedicada a apoiar conselhos e comitês por meio de soluções e conteúdos específicos, conduziu uma pesquisa com membros integrantes de conselhos de administração de empresas no Brasil, na Argentina e no Chile.
Entre os conselheiros respondentes, 65% são de empresas de capital fechado e 35% de capital aberto, com 63% deles atuando como membro independente e 37% não independente. A pesquisa levou em consideração as mudanças e os desafios provocados pela pandemia, inserindo os conselhos em um cenário demandante de decisões imediatas em meio a um ambiente de negócios confrontado com situações inesperadas.
Os números mostram que a pandemia impactou as reuniões dos conselhos para 95% dos respondentes, enquanto 51% relataram demanda por novas habilidades e competências em decorrência do momento atual. “É importante observar que os conselheiros continuam a ser exigidos em relação a novas competências e atribuições, no sentido de direcionar maiores esforços às demandas e realidades que cercam suas respectivas empresas.
A diferença é que agora, em decorrência da pandemia, tudo isso se intensificou e ficou mais evidente, o que requer ainda mais atenção por parte do colegiado”, explica Carolina Queiroz, coordenadora do estudo e diretora executiva de Family Business da EY no Brasil e América Latina.
. Na pauta dos conselhos – Na publicação resultante da pesquisa, a EY traz uma série de considerações aos conselhos, no intuito de apontar caminhos que possam orientá-los na tomada de decisões atreladas às seis prioridades identificadas nas respostas: gerenciamento de riscos (51%), inovação e disrupção (49%), critérios ESG (48%), transformação digital e novas tecnologias (39%), planejamento estratégico de longo prazo e alocação de capital (35%) e, por último, resultado, desempenho e metas econômico-financeiras (27%).
Se bem planejadas e executadas, tais decisões poderão ajudar os conselheiros a garantir não apenas a longevidade das empresas, mas também a dar conta das demandas crescentes dos stakeholders. As prioridades apontadas pelas empresas demonstram que 2021 continuará sendo um ano desafiador, uma vez que elas passarão por grandes transformações, exigindo um olhar ainda mais atento dos membros dos conselhos. Ao mesmo tempo, os conselheiros terão que avaliar quais novas competências precisarão desenvolver para continuar contribuindo neste novo cenário.
. Diversidade, cibersegurança e ESG – O tema Diversidade e Inclusão também foi abordado na pesquisa, apontando que para 33,8% dos respondentes as mulheres seriam o grupo mais impactado de forma positiva, em caso de maior diversidade no ambiente corporativo. No entanto, 78% dos respondentes declararam que suas empresas não contam com um comitê de Diversidade e Inclusão e 82% deles disseram que sequer há orçamento definido para essa finalidade.
Outro ponto relevante é a cibersegurança, que, na avaliação da EY, tornou-se um tema mais presente. Pelas respostas, o tema aparece na agenda dos conselhos trimestralmente (39%) ou quando necessário (32%). Em relação aos critérios ESG (ambientais, sociais e de governança), o tema já estava presente na pauta das reuniões dos conselhos antes da crise (82% das respostas), sendo os aspectos ambientais e de governança os mais frequentes – 35% e 30%, respectivamente.
. Realidades parecidas – A pesquisa também apresenta um comparativo dos resultados obtidos nos três países pesquisados na América do Sul com as prioridades das empresas nos Estados Unidos, identificando uma correlação entre as duas realidades, conforme mostra o comparativo abaixo:
1 – Gerenciamento de riscos: – América do Sul (Argentina, Brasil e Chile) – América do Sul (Argentina, Brasil e Chile)A importância do monitoramento e da mitigação dos riscos por meio de uma boa gestão aumentou. Entre 51% dos pesquisados, é o tema mais relevante para os conselhos este ano.
Estados Unidos – A gestão do risco é transversal a todos os desafios nos EUA, mas encontra-se principalmente em duas das prioridades elencadas para este ano: “supervisionar a estratégia para criar valor em longo prazo” e “promover a resiliência empresarial face à incerteza”.
2 – Inovação e disrupção: – América do Sul (Argentina, Brasil e Chile) – A inovação deixou de ser uma alternativa e passou a ser imperativa para as empresas nestes tempos de incerteza e de mudanças aceleradas. Por essa razão, esta é a segunda prioridade, mencionada por 49% dos respondentes da Argentina, do Brasil e do Chile.
Estados Unidos – Os membros de Conselhos nos EUA não identificaram a inovação especificamente como um de seus principais focos para este ano, mas ela está no centro de muitas de suas prioridades, desde a estratégia e a criação de valor, passando pela transformação da força de trabalho, até a liderança em diversidade e inclusão.
3 – Critérios ambientais, sociais e de governança (ESG) – América do Sul (Argentina, Brasil e Chile – Este é o terceiro aspecto mais importante da agenda de 2021 de 48% dos membros de conselhos da região. É crescente o consenso de que possa surgir uma recuperação verde após a pandemia.
Estados Unidos – O crescente reconhecimento de que a gestão dos fatores ambientais, sociais e de governança corporativa (ESG) é essencial não só para a sustentabilidade do negócio, mas também benéfica do ponto de vista financeiro, a torna uma das prioridades dos Conselhos norte-americanos e sul-americanos.
4 – Transformação digital e novas tecnologias – América do Sul (Argentina, Brasil e Chile) – A adoção urgente de novas tecnologias é um problema que se intensificou com a chegada da pandemia. 39% dos entrevistados afirmaram que revisam tópicos relacionados a ameaças cibernéticas trimestralmente e 32% indicaram que revisam sempre que necessário.
Estados Unidos – A pandemia trouxe um direcionamento do orçamento para o uso de tecnologia nova ou aprimorada, disponível para os diversos setores. Conselhos nos EUA notaram um aumento na manifestação e avaliação dos riscos associados às mudanças tecnológicas. Da mesma forma, iniciou-se o debate sobre a afetação da privacidade devido à transformação digital, assim como sobre a modificação do ambiente e da forma de trabalhar.
5 – Planejamento estratégico de longo prazo e alocação de capital – América do Sul (Argentina, Brasil e Chile) – Para alguns setores, a reorganização da estratégia e do modelo operacional demorou mais, tanto que 35% dos pesquisados classificaram o planejamento estratégico na quinta posição de importância na pauta dos conselhos em 2021.
Estados Unidos – A adaptação de sua visão para tornar a estratégia mais robusta e criar valor de longo prazo foi uma prioridade para os Conselheiros e Administradores das principais empresas norte-americanas; finanças, capital humano, clientes e valores sociais tornaram-se tópicos a serem revistos regularmente durante esta pandemia. As empresas têm trabalhado para fortalecer sua credibilidade e posicionamento na sociedade.
6 – Resultados, desempenho e metas econômico-financeiras – América do Sul (Argentina, Brasil e Chile) – 27% dos conselheiros da região confirmaram que passaram grande parte de 2020 revisando as necessidades de liquidez, estabilidade financeira, solidez da cadeia de suprimentos e flexibilidade do modelo operacional. As projeções e a evolução dos negócios foram montadas em vários cenários e incluindo planos de contingência.
Estados Unidos – Um dos maiores desafios para os Conselhos dos EUA é imaginar um mundo para suas organizações após a pandemia. A análise contínua das informações, a revisão das megatendências, repensando o ambiente de trabalho, validando as necessidades de manutenção dos espaços físicos e seus custos associados, priorizando a saúde do funcionário, são temas trabalhados diariamente para gerar impactos positivos nos resultados, no desempenho e nas metas das organizações. – Fonte e outras informações: (www.ey.com).