O mercado de TIC no Brasil deve crescer 7% em 2021, mesmo sob o impacto da pandemia. A estimativa é da IDC Brasil e faz parte do estudo IDC Predictions que antecipa as tendências e movimentos de mercado para os 110 países em que a líder em inteligência de mercado, serviços de consultoria e conferências com as indústrias de TI e Telecomunicações atua.
Quando considerado apenas o mercado de TI, a previsão é de alta de 11% e, para Telecom, um crescimento tímido, de 2%. No mercado corporativo, que contempla software, serviços e hardware, a previsão é de alta de 10%.
“No início de 2020, nossas pesquisas chegaram a registrar o interesse de 60% das empresas em ampliar os investimentos em TI, o que foi considerado o ápice da última década no país. Porém, a pandemia chegou e mudou todos os planos, levando o mercado a registrar, em maio e junho, o menor índice de interesse por investimentos”, explica Denis Arcieri, country manager da IDC Brasil. Em 2021, já mais otimistas, 50% das empresas voltam a aumentar seus investimentos no setor.
Segundo a IDC, os investimentos vão se basear em segurança, inteligência artificial, nuvem pública, modernização de sistemas de gestão de softwares (ERPs) e experiência do cliente, e as prioridades serão aumentar a produtividade, reduzir os custos, balancear digital e físico, introduzir produtos e serviços novos e/ou aprimorados, e melhorar a aquisição e retenção de clientes. Confira as 10 tendências do mercado brasileiro de TI e Telecom para 2021 de acordo com a IDC Brasil:
- – 5G na rota da massificação – A IDC estima que, nos anos 2021-2022, o 5G vai gerar US$ 2,7 bilhões em novos negócios envolvendo tecnologias como inteligência artificial, realidade virtual e aumentada, internet das coisas, nuvem, segurança e robótica. Segundo Luciano Saboia, gerente de consultoria e pesquisa em Telecom da IDC Brasil, o 5G ficará mais comum no segmento B2B, entregando baixa latência e alta densidade de conexões e rompendo barreiras de conectividade que restringiam a adoção de outros serviços.
- Conectividade tendo maior relevância estratégica – Segundo a IDC Brasil, a pandemia de covid-19 acelerou a importância da conectividade como um facilitador das iniciativas de Developer Experience (DX). “Com maior consumo, mais usuários, dispositivos e aplicativos sendo distribuídos, a conectividade passa a ter maior relevância estratégica”, explica Saboia. Para mais de 70% das empresas, os modelos operacionais serão ativados digitalmente em 2021, com mais automação, colaboração e compartilhamento de conteúdo.
- Edge: da borda para o centro das decisões – “Edge está se mostrando a tecnologia preferida para conduzir a automação de processos em vários setores e trazer novas oportunidades de eficiência para reduzir custos”, afirma Saboia. Por isso, será comum as empresas desenvolverem ferramentas para a migração, integração e gerenciamento automatizado de aplicações e dados em implantações de nuvem, tanto on-premises como off-premises. Para o Brasil, estima-se uma taxa de crescimento anual (2019-2023) de 16% para este segmento.
- Avanço da nuvem como elemento-chave na infraestrutura de TI – As necessidades impostas pela pandemia mostraram que a nuvem é um caminho rápido para ampliar a resiliência operacional da TI, segundo a IDC. “Mais da metade das empresas que utilizam nuvem afirmam que estão executando em workloads críticos, ou seja, com a infraestrutura de TI já existente, evidenciando a evolução dos ambientes híbridos”, afirma Luciano Ramos, gerente de pesquisa e consultoria em Enterprise da IDC Brasil.
Os gastos com infraestrutura (IaaS) e plataforma (PaaS) em nuvem pública no Brasil devem atingir US$ 3 bilhões, alta 46,5% em relação a 2020. O modelo de nuvem privada também cresce em bom ritmo, totalizando US$ 614 milhões em 2021, e o maior crescimento será de nuvens privadas como serviço (DCaaS), que avançarão 15,5%, se comparado ao ano passado.
- Avanço da inteligência artificial embarcada em outras tecnologias – Segundo a IDC, projetos de inteligência artificial têm aumentado nas empresas mas ainda lentamente. “Entre as organizações de grande porte no Brasil, cerca de 1/4 está utilizando IA e Machine Learning (ML) em projetos próprios”, afirma Ramos. De aplicações de negócios a soluções de segurança, IA passa a ser um elemento essencial para lidar com volumes cada vez maiores de eventos e informações.
No entanto, as empresas ainda estão se adequando a essa realidade: mais de 75% delas têm algum tipo de supervisão humana – como parte do que a IDC chama de ML Life Cycle – para assegurar/validar os resultados. Com a ampliação dos casos de uso e das aplicações, os gastos com IA no Brasil chegarão a US$ 464 milhões em 2021, puxados principalmente por serviços de consultoria de TI e de negócios. Agentes automatizados e assistentes digitais em aplicações corporativas continuarão puxando o crescimento, que será de quase 30%.
- Novo contexto de nuvem e colaboração impulsionará segurança – Em 2021, os gastos com soluções de segurança (seja hardware ou software) ultrapassarão US$ 900 milhões no Brasil, alta de 12,5% em relação ao ano anterior. Já os serviços gerenciados de segurança (MSS) totalizarão US$ 615 milhões no mesmo período.
“Diante do cenário atual, a maioria das organizações entendeu que seu ambiente não estava preparado para lidar com segurança em nuvem e com a diversidade e a dispersão de endpoints”, explica Ramos. Segundo a IDC, a visibilidade e proteção dos dados ganharão a atenção com a alta no número de ataques e necessidades trazidas pela LGPD. Mas, apenas 50% das empresas dizem estar em estágios avançados de adequação à lei e 2/3 indicam que seu maior desafio é o mapeamento e controle das informações. - Aumento da migração de plataformas de gestão para a nuvem – Atualmente, segundo a IDC, quase 43% das empresas pretendem levar algum de seus sistemas de gestão para a nuvem nos próximos dois anos. Para 31%, substituir uma aplicação atual por uma em SaaS é a abordagem preferida para a modernização de workloads.
Por isso, a IDC prevê alta de 12,6% nos gastos com soluções ERP (finanças, contabilidade, gestão de pessoas e ativos, controle de produção, logística, cadeia de suprimentos etc.) chegando a US$ 3,4 bilhões.
Desse valor, SaaS representará 14%. Já no segmento de Customer Experience (CX), 65% das empresas que participaram do estudo da IDC Brasil dizem ter planos de investir em soluções que viabilizem o Digital First, maior automação e experiências sem contato. Soluções de CRM e de atendimento, gestão de marketing, força de vendas, comércio digital, entre outras, serão alvo dos gastos em 2021, que devem atingir US$ 1,4 bilhão, alta de 21,3% em relação a 2020.
- Reinvenção do mercado de impressão por hardware, software e serviços – No Brasil, o mercado de impressão corporativa crescerá em 2021, mas não o suficiente para recuperar as perdas do ano passado. A IDC acredita que os provedores de serviços agregados de outsourcing devem passar por uma forte adaptação, que será crucial para ampliar as chances de recuperação nos próximos anos.
O mercado de equipamentos vai gerar US$ 637 milhões em 2021 (+11% sobre 2020), enquanto os serviços de outsourcing de impressão devem movimentar US$ 580 milhões. O mercado total de impressoras de tinta, tanto no corporativo como no varejo, terá alta de 12%, com os modelos de cartucho, tanque e laser tendo crescimento de 15%, 10% e 4%, respectivamente. Já o mercado de SMB, que sofreu muito em 2020, terá recuperação e crescerá até 35% em 2021.
- A ascensão dos Smart Home Devices – “O mercado de equipamentos para automação doméstica deve ultrapassar US$ 291 milhões em 2021 (+21% frente ao ano anterior), confirmando que, com mais tempo em casa, há necessidade de um lar mais funcional e inteligente”, afirma Reinaldo Sakis, gerente de pesquisa e consultoria em Consumer Devices da IDC Brasil.
A IDC estima que a quantidade global de vendas destes produtos cresça, em média, 11,9% nos próximos anos. Já o mercado brasileiro crescerá cerca de 30% (com exceção das Smart TVs). Produtos de segurança e eletrônicos (como plugs, lâmpadas e interruptores inteligentes), crescerão 32% cada, os speakers terão alta de 25% e os termostatos, 28%.
- Forte retomada de notebooks e tablets – O mercado de endpoints (tablets e notebooks) vai gerar US$ 4,7 bilhões em 2021 (+21% frente ao ano anterior), o que representa 7,3% de todo investimento de TI no país. “O varejo e a demanda por home office seguirão fortes”, afirma Sakis. Em unidades e em relação ao 2020, a previsão é de um aumento de 20% na venda de tablets domésticos e de 71% nas vendas para o mercado corporativo, que inclui educação.
Já as vendas de notebooks no varejo devem crescer 5% e no mercado corporativo, também incluindo educação, devem crescer 25%. “O mercado de educação pública e privada tem surpreendido positivamente e demandará uma grande quantidade de produtos com o intuito de auxiliar professores e alunos a maximizar o processo de educação a distância”, explica Sakis.
Fontes e mais informações: (www.idc.com) e (www.idclatin.com).