Saida Ortiz Sedano (*)
As profundas transformações vividas pelo ecossistema de canais em 2020 continuarão revolucionando 2021. Os negócios digitais da América Latina deram um salto em 2020 – avanços que levariam anos aconteceram em poucos meses.
Somente a empresa de e-commerce Mercado Livre, por exemplo, conquistou 45% a mais de novos clientes em março de 2020 do que em relação a março de 2019.
Levantamento realizado em maio de 2020 pela VISA com consumidores da Argentina, Brasil, Chile, México e República Dominicana mostrou que, com a pandemia, o uso de dinheiro em pagamentos ficou restrito a 44% do universo pesquisado. 72% das populações desses países aderiram a cartões de débito e de crédito (63%). Veja as principais tendências para canais em 2021:
- Fusões e Aquisições – O movimento de Mergers & Acquisitions (Fusões e Aquisições) chegou à América Latina e está promovendo a consolidação do canal. Empresas maiores e mais capitalizadas estão, nesse exato momento, procurando adquirir parceiros com expertise em serviços. Em alguns casos, em vez de uma aquisição o que está sendo alinhavada é uma aliança entre parceiros de canal com ofertas e distribuição geográfica que se complementam entre si.
- Cloud Computing – Cresce a cada dia o interesse de parceiros de canal ganharem expertise – e acesso a novas oportunidades de negócios – em Cloud Computing. O avanço do uso da nuvem em toda a América Latina é parte desse quadro. Segundo o instituto de pesquisas MarketWatch, até 2024 o uso de soluções e serviços na nuvem na nossa região representará um mercado de US$ 51.5 bilhões. Valores como esses representam uma oportunidade para parceiros irem além do modelo tradicional de vendas de soluções on-premises e passarem a investir em vendas recorrentes para seus clientes.
Em 2020, muitas dessas vendas recorrentes foram realizadas por meio de nuvens híbridas, públicas ou privadas. No universo da infraestrutura digital, em especial, vejo parceiros construirem uma oferta mista, com a venda de soluções críticas em formato on-premises – como sistemas de energia e de refrigeração – aliada à venda de serviços de monitoração remota do ambiente do cliente, manutenção etc. Trata-se de uma oferta sob medida para garantir a continuidade do processamento, na nuvem, de aplicações críticas para as empresas usuárias.
- Edge Computing – Em 2021, novas aplicações continuarão a levar as empresas usuárias latino-americanas a buscarem soluções de Edge Computing baseadas em data centers modulares que partem de um único rack para uma fila de racks, um corredor, uma sala, etc. para acelerar o processamento de dados e entregar a usuários internos e a clientes a melhor UX (User Experience).
Esse contexto já é uma realidade na nossa região. O Brasil é líder em soluções de Edge Computing – vale destacar a procura por esse tipo de solução por parte de milhares de ISPs espalhados pelo país. Logo em seguida vêm México, Chile e Uruguai. Em todas as geografias, as soluções de Edge Computing se fazem presente em verticais como saúde, educação, indústrias e governo.
- Streaming e 5G – O Edge Computing é essencial, também, para garantir a qualidade dos serviços digitais de provedores de streaming como Netflix e Amazon Prime. As mudanças pelas quais está passando o setor de entretenimento estão levando consumidores de toda a América Latina a buscarem serviços de acesso à Internet providos por Telecom Providers próximos ao ponto de consumo de dados.
Isso contribui para que a vertical Telecom seja, em 2021, uma das que mais irá demandar soluções avançadas de infraestrutura crítica. Com a chegada das redes 5G, a procura por data centers modulares será maior ainda. Um dos grandes diferenciais da rede 5G é a baixa latência, algo que exige a disseminação de centros de dados em toda a América Latina, indo muito além dos grandes centros urbanos. As redes 5G só devem se tornar operacionais na nossa região a partir de 2027.
- Servidores e UPS – Outra área com grandes oportunidades para parceiros especializados em infraestrutura crítica diz respeito à venda de servidores e UPS. Foi-se o tempo que esses dispositivos podiam ser adquiridos para implementações stand alone, sem uma integração prévia. Em 2021, a crescente complexidade do mundo digital exigirá que servidores e UPS sejam inseridos, pelo parceiro treinado e capacitado nas melhores práticas da infraestrutura crítica, em um projeto que pode incluir o uso de data centers modulares.
Essa é uma oportunidade, também, para a oferta de plataformas de gerenciamento de data centers (DCIM), hoje disponíveis também em versões mais enxutas e com relação custo/benefício sob medida para empresas usuárias de menor porte. Para acelerar ainda mais a geração de oportunidades de negócios ligadas a essas soluções, a Vertiv construiu, em parceria com a Dell, Lenovo e HPE, bundles completos de infraestrutura crítica.
- Integração OT e TI – E, por fim, uma área estratégica de geração de negócios para os parceiros em 2021 é a crescente integração entre OT (operational technology) e TI. Essa oportunidade inclui, ainda, todas as demandas de processamento crítico de ambientes IoT e IIoT em geral. Quanto mais conhecimento o parceiro possuir sobre indústrias específicas (metal mecânica, plásticos, processos, etc.), melhor posicionado estará para propor soluções de infraestrutura crítica que, ao mesmo tempo em que suportam a continuidade dos processos industriais, garantem a integração com a área de TI.
Em 2021 a infraestrutura crítica da América Latina continuará se expandindo, suportando aplicações como cidades e edifícios inteligentes, telemedicina, automação de plantas industriais, ensino a distância e teletrabalho. Cada uma dessas aplicações é uma oportunidade de negócios para o parceiro de canal.
Quando chegar 2022, encontraremos um universo consolidado, com um número mais reduzido de parceiros de canal. Nesse quadro, os parceiros de canal bem sucedidos serão aqueles que contam com a tecnologia e o conhecimento necessários para construir soluções que garantam a continuidade dos negócios de seus clientes.
(*) – É diretora de canais para a Vertiv América Latina.