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Travas que podem impedir o impulso da inovação na recuperação das empresas

em Destaques
quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

Marcelo Nicolau (*)

A inovação está em qualquer lista que se possa fazer a respeito de prioridades para a recuperação dos prejuízos causados pela Covid-19. Essa foi uma das principais constatações, por exemplo, de uma pesquisa divulgada no início de julho pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Segundo o estudo, entre as mais de 400 empresas ouvidas, 83% afirmaram que precisarão de mais inovação para crescer ou mesmo sobreviver no mundo pós-pandemia. Apesar dessa certeza em relação à necessidade de encontrar novas formas de fazer as coisas ou criar coisas que ainda não existem, a própria pesquisa da CNI traz um alerta preocupante.

Mesmo que 68% dos participantes relatem ter alterado de alguma forma seus processos produtivos, apenas 56% consideram ter inovado de fato. Este cenário leva à conclusão de que, desejo e necessidade não bastam para inovar. As empresas seguem encontrando muitos entraves durante o processo de geração de novas soluções.

Considerando que a primeira ação para resolver um problema é saber da sua existência, vale detalhar as sete principais travas que impedem novas ideias de saírem do papel nas empresas. São elas:

. Trava 1 – Falta de tempo e recursos para inovação – Principalmente em períodos difíceis como no pós-pandemia, as empresas tendem a direcionar praticamente todo o seu foco aos seus produtos ou serviços existentes. O pensamento fixo em vender no presente acaba direcionando o uso dos recursos à tarefa de fazer o que sempre foi feito.

. Trava 2- Falta de habilidades específicas para inovar – Inovar não se restringe ao ato de ter criatividade ou ao surgimento de grandes ideias. Por não terem adquirido outras competências para implementar inovações, muitas organizações se veem sem saber por onde começar, ficando indecisas quanto a que tipo de caminho seguir ou que tipo de ferramenta buscar.

. Trava 3- Dificuldade em lidar com o intangível- Sobre inovação, é comum dizer que as empresas entram num túnel e não sabem onde vão parar. Não é raro acontecer de uma ideia inicial ser modificada diversas vezes O processo de inovação não é um caminho linear para o sucesso. Lidar com o intangível, portanto, é uma competência nova que deve ser desenvolvida com a necessidade de inovação.

. Trava 4- Necessidade de resultados de curto prazo – Inovação é uma aposta de longo prazo. Dificilmente a primeira iniciativa irá dar certo. É necessário insistir e acreditar que algum dia este investimento vai levar ao lançamento de um novo negócio ou fazer a empresa repensar seu próprio negócio. Não é recomendável criar um projeto e colocar metas, esperando colher o resultado no curto prazo.

. Trava 5 – Estruturas apartadas – Muitas empresas estão estruturadas somente de acordo com a dinâmica do seu negócio principal e isso dificulta mudanças e adaptações para novas dinâmicas de mercado. Por esse motivo, as startups têm levado vantagem na hora de encontrar novas alternativas, uma vez que já nascem com formato de organização flexíveis e preparadas para alterações de rumo.

. Trava 6- Foco na otimização do negócio existente – Existe uma crença de que sempre é possível melhorar processos, acertar detalhes e encontrar maneiras de aumentar o faturamento sem precisar mudar o core business tradicional. Isso, muitas vezes, consome grande parte da energia da organização em uma atividade que já alcançou o limite de sua lucratividade evitando que se pense em alternativas de maior retorno.

. Trava 7- Aversão ao risco – É praticamente impossível desenvolver qualquer processo de inovação sem correr nenhum tipo de risco. Para se anteciparem à concorrência e fazer as mudanças acontecerem em tempo de se tornarem relevantes, as empresas têm que desenvolver a capacidade de sair da zona de conforto.

Ir além do desejo e da necessidade de inovar como forma de superar os desafios da pandemia será uma tarefa que exigirá a remoção dessas sete travas. As empresas podem acelerar esse processo com a ajuda de parceiros especializados em inovação, por exemplo. Seja como for, tirar as ideias do papel nunca foi tão urgente como nesses tempos do chamado ‘novo normal’.

(*) – É sócio-diretor da Play Studio, consultoria de inovação e venture builder (https://playstudio.io/).