153 views 2 mins

Horário da missa do galo vira motivo de polêmica na Itália

em Pessoa Física
sexta-feira, 27 de novembro de 2020

O ministro italiano responsável pelas relações entre o governo nacional e as regiões do país, virou alvo de críticas da extrema direita após sugerir que a missa do galo, que comemora o nascimento de Jesus Cristo, seja realizada “duas horas” mais cedo para evitar as restrições anti-Covid. A celebração costuma ocorrer à meia-noite de 24 para 25 de dezembro, horário que cai no toque de recolher noturno (das 22h às 5h) imposto pelo governo da Itália para conter a pandemia do novo coronavírus.

“Assistir à missa [do galo] – e digo isso como católico – duas horas antes ou fazer o menino Jesus nascer duas horas antes não é heresia. Heresia é não se preocupar com os doentes, as dificuldades dos médicos, com o povo que sofre”, disse o ministro das Relações Regionais, Francesco Boccia, em uma videoconferência. “O Natal não se faz com cronômetro, é um ato de fé”, acrescentou Boccia, que pertence ao Partido Democrático (PD), de centro-esquerda.

O primeiro-ministro Giuseppe Conte ainda não divulgou quais restrições estarão em vigor no Natal, mas já deixou claro que esse será um fim de ano “diferente” e “sóbrio”. No entanto, o posicionamento de Boccia virou motivo de críticas por parte da oposição, a começar pelo senador e ex-ministro do Interior Matteo Salvini. Em seu perfil no Twitter, o secretário do partido de ultradireita Liga disse que o governo deve “se ocupar com coisas sérias” em vez de “arruinar o Natal das crianças”.

Além disso, em entrevista à emissora Rai, acrescentou que “não parece normal que um ministro da República proponha o ‘nascimento antecipado’ do menino Jesus”. Já o deputado de extrema direita Francesco Lollobrigida, do partido Irmãos da Itália (FdI), afirmou que Boccia quer “decidir a hora do nascimento de Jesus”. “Estamos a um passo de uma Igreja de Estado no modelo chinês? Desculpe-se imediatamente pela ridícula superficialidade de suas afirmações”, cobrou. O ministro ainda não se pronunciou sobre as críticas (ANSA).