Benedicto Ismael Camargo Dutra (*)
O consumo sustenta a economia. O que sustenta o consumo é a renda, e esta requer trabalho remunerado.
Para o país, é fundamental que haja produção e renda, senão o capital gerado acaba indo para fora, para países que produzem e exportam. Se o país pode produzir, por que ficar importando e engordando o capital externo? É indispensável que haja equilíbrio nas contas internas e externas, assim como no trabalho e na respectiva remuneração. Mas a ânsia por ganhos desenfreados entortou tudo.
Por milênios, a humanidade tem seguido caminhos errados em vez de buscar o aprimoramento da espécie e o viver pacífico. É preciso fortalecer as capacitações individuais, a força da diversidade. Mas a cobiça de poder quer uniformizar a todos e dar um número aos indivíduos, tornando-os dependentes no jugo daqueles que encontram no Estado o meio ocultar a sua incompetência e impor sua tirania.
O conflito entre o empregador que quer pagar o mínimo e o empregado que quer melhores condições acabou levando grande parte das fábricas para a Ásia, onde a possibilidade de conflito é reduzida face a renhida luta pela sobrevivência. Tudo tendeu para o desequilíbrio na produção, empregos, renda, comércio e consumo, e nas contas públicas. A parada forçada da movimentação do dinheiro colocou tudo à mostra gerando falências em cascata. A economia tem de ser reativada de forma equilibrada, mas não sabemos o que vem por aí nem que interesses estão envolvidos.
Pelo mundo todo os acontecimentos estão em aceleração. O momento exige flexibilidade e constante readaptação às novas situações que se sucedem velozmente. Necessitamos de pessoas que consigam ouvir a intuição e se ponham em movimento, ver o que está faltando, o que está emperrando e ir ajustando, senão as falhas aumentarão, o tempo passará, e as despesas vão superar as receitas. Sem que haja bom preparo das novas gerações, a precarização geral será crescente.
No pós-guerra consolidou-se uma ordenação mundial visando a paz, mas com o passar dos anos surgiram efeitos danosos. No entanto, o que se percebe é que a estabilidade mundial requer equilíbrio entre os países e povos, eliminando o mau costume de se beneficiarem prejudicando outros. A cooperação deveria ser atuante e quem não puder ajudar, não deve atrapalhar explorando o outro.
A ruína da finança pública decorre da falta de estadistas sérios e competentes, e daqueles que querem inchar o Estado e mamar em berço esplêndido, então caíram na armadilha da dívida. Agora se tornaram conhecidos os amargos efeitos dessa globalização oportunista que buscou mão de obra barata para produzir manufaturas para exportar, mas com a perda de empregos e renda, tudo se tornou precário.
É muito difícil para uma pessoa de bem se entrosar num ambiente de mentiras, falsidades, dissimulações. Quem são os que ficam? Imagine uma pessoa intuitiva trabalhando em Brasília. Há uma deplorável guerra de palavras. Tergiversam, isto é, usam palavras para mentir, escamotear, difamar, visando destruição gratuita e inconsequente para desorganizar e atemorizar.
A ideologia é o escudo encobridor, mas o que interessa mesmo, acima de tudo, é poder e dinheiro, o controle, a submissão. A história é bem clara, a grande ambição de acumular riqueza e poder não tem fim, agora agravada com a limitação dos recursos naturais. Pouca atenção foi dada ao desenvolvimento de condições que possibilitem a melhoria continuada da qualidade humana.
No mundo áspero, dominado pelos homens subjugados pelo raciocínio limitado à matéria e ao tempo-espaço, os seres humanos intuitivos que ainda pressentem a existência do espírito, não têm vez, são postos de lado por aqueles que se tornaram mestres na arte de auferir vantagens para satisfazer seus desejos e cobiças, indiferentes ao sofrimento que causam, e pouco se importam se descaírem.
Em 2020, o mundo está perdendo a esperança. A natureza é explorada de forma imediatista. Há despreparo da população. Cresce a corrupção. O desequilíbrio na economia é mundial. O ser humano não pode agir como ladrão. O Brasil precisa produzir mais e gerar empregos para reduzir o grande contingente de pessoas despreparadas e necessitadas.
(*) – Graduado pela FEA/USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, realiza palestras sobre qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. E-mail: ([email protected]); Twitter: @bidutra7