Inteligência Artificial (IA) e robótica eram termos que costumavam aparecer em primeiro plano quando o assunto era Indústria 4.0 e o futuro do trabalho. A nova realidade, ocasionada pela Covid-19, criou a urgência da reinvenção desse cenário e, embora as organizações tenham dobrado os investimentos em tecnologia na última década, muitas têm investido significativamente pouco em como os humanos podem se adaptar e adotar novas maneiras de trabalhar.
No relatório “Tendências Globais de Capital Humano 2020 – A empresa social em ação: o paradoxo como um caminho a seguir”, a Deloitte analisa a interseção entre humanos e tecnologia e define os principais atributos que precisam ser incorporados às organizações para criar e sustentar essa integração.
O relatório contou com a participação de 55 mil líderes de Negócios e RH em toda sua história, tornando-se assim o maior estudo longitudinal do gênero. No Brasil, o estudo contou com 296 participantes, de diversos setores, e o país ocupou o 8º lugar no ranking global e 2º da América Latina.
“O levantamento acompanha o pensamento e ações das organizações líderes, representando a opinião das mais influentes empresas globais. Com o início da Covid-19, essas organizações tiveram que tomar ações imediatas em reação à pandemia, como a mudança para o trabalho remoto e virtual e a implementação de novas formas de trabalhar e redirecionar a força de trabalho em atividades críticas.
É o momento em que se deve pensar em como sustentar essas ações, incorporando-as às culturas organizacionais e ao DNA das empresas”, declara Roberta Yoshida, da Deloitte Brasil.
No levantamento nacional, as principais tendências apontadas foram a “Ética e futuro do trabalho”, com 95%, “Promover um sentimento de pertencimento aos funcionários”, com 93%, e “Forças de trabalho multigeracionais”, com 91%, diferente da ordem global, onde se destacou, respectivamente, “Bem-estar do trabalhador e sua importância para os negócios” (80%), “Promover um sentimento de pertencimento aos funcionários” (79%) e “Criando e preservando o conhecimento da forças de trabalho” (75%).
Isso demonstra que o Brasil atribui maior importância a essas tendências que considera como principais. Embora historicamente as organizações sejam responsáveis apenas pela segurança dos trabalhadores, quase todos os entrevistados – 96% – dizem que o bem-estar é uma responsabilidade organizacional.
Embora 91% dos entrevistados brasileiros o identifiquem como uma prioridade importante para o sucesso de sua organização, 64% não estão medindo o impacto do bem-estar no desempenho organizacional.
As empresas brasileiras enxergam que, em ordem de relevância, quem deve exercer esse papel é: RH, líderes de departamento, C-Suite, gerentes da linha de frente e trabalhadores individuais.
O redesenho de tarefas para integrar a tecnologia de IA ficou em 10º lugar, assim como no recorte total da América Latina e Global, com 87%. Somente 14% dos entrevistados estão realizando investimentos significativos em novas habilidades para apoiar sua estratégia de IA, com apenas 9% utilizando-a primeiramente para substituir trabalhadores.
“Esses números afirmam ainda mais a valorização da especialização e proximidade dos funcionários às organizações”, aponta Roberta. Para encontrar o potencial por meio da convergência de seres humanos e tecnologia é preciso avaliar como a organização está obtendo acesso aos recursos destinados a isso.
Destacam-se recursos como: Trabalhos que exigem habilidades limitadas para executar operações baseadas em tarefas – via terceirização, no Brasil (50%) e contratação, para as empresas globais (38%); e Empregos que exigem novas capacidades técnicas profundas – via requalificação, no Brasil (50%) e, para o Global, via contratação (55%). Os líderes devem iniciar e liderar o diálogo sobre preocupações éticas relacionadas à tecnologia e a força de trabalho alternativa.
Uma grande maioria (97%) dos participantes, no Brasil, acredita que existem preocupações éticas relacionadas ao futuro do trabalho, incluindo a manutenção da privacidade, o controle dos dados dos trabalhadores e o tratamento de trabalhadores com contratações alternativas. Cerca de 23% dos entrevistados dizem que suas organizações possuem políticas e líderes claros para gerenciar a ética no contexto do futuro do trabalho, embora 77% não esteja considerando isso, começando a desenvolver sua abordagem ou lidando com ela de forma objetiva.
As organizações podem estar deixando de reconhecer a importância de trabalhadores com diferentes modalidades de contratação, mesmo quando esse segmento da força de trabalho cresce rapidamente. Das 5 megatendências para 2030, essa é a menos importante tanto para o Brasil como para o Global.
A capacidade de explorar efetivamente a força de trabalho alternativa pode ajudar as organizações a acessar recursos escassos nas mudanças rápidas nos mercados de trabalho. O relatório também revelou que os entrevistados acreditam que algumas brechas geracionais se tornarão menos pronunciadas nos próximos três anos), enquanto outras se tornarão mais pronunciadas.
Fonte e mais informações: (www.deloitte.com).