Renato Martinelli (*)
Sinergia, disciplina e bom uso das competências individuais são elementos fundamentais para que qualquer equipe entregue os resultados esperados, mas isso não é o suficiente. Juntar as pessoas em um grupo com um objetivo comum não traz a dimensão adequada de trabalho em equipe. Todos no mundo corporativo falam de trabalho em equipe nas organizações de modo geral, mas a questão é muito mais desafiadora do que a teoria propõe.
Tempos atrás, foi ensinado que cada profissional deveria fazer o seu melhor, batalhando pelo seu espaço, rumo às suas conquistas. Essa cultura centrada no indivíduo reforçou um senso de competição dentro das equipes, gerando muitos desafios de gestão e trabalho coletivo. Cinco armadilhas impedem a maioria das empresas de colocar em prática o trabalho em equipe. Elas podem ser chamadas de as cinco disfunções de uma equipe, criada por Patrick Lencioni:
1. Falta de confiança — Quando os integrantes da equipe não confiam uns nos outros, vem o receio de se comunicar de forma honesta e aberta. Na prática, os membros do time escondem o que realmente pensam e sentem e não estão dispostos a assumir responsabilidades, com medo de cometerem erros ou serem interpretados de maneira negativa. Por não se comunicarem honestamente, os integrantes da equipe não conseguem construir uma base de confiança.
2. Medo de conflitos — Um desdobramento da falta de confiança entre os integrantes da equipe é o receio de ter algum tipo de confrontação. O medo de entrar em uma discussão (e principalmente como sair) pode gerar comportamentos como esconder sentimentos e não comunicar o que pensam. Como digo, “tem horas que é preciso lavar roupa suja, não adianta fechar a porta da lavanderia e achar que a roupa suja foi embora, ela continua lá e só acumula com o tempo”. O fato de os membros da equipe não conseguirem se envolver em conflitos construtivos e em debates torna, geralmente, a discussão tênue e indireta, o que precisa ser debatido não é trabalhado e a equipe se torna ineficaz.
3. Falta de comprometimento — Quando os membros da equipe não estão comprometidos com a equipe e o projeto, eles somente comparecem às reuniões para mostrar que estão presentes e não serem cobrados posteriormente. Eles não aproveitam as oportunidades e, consequentemente, o progresso da equipe estagna. Enquanto o comprometimento for só de alguns e não de todos, a equipe estará em descompasso e desequilíbrio.
4. Evitar responsabilizar os outros — Quando os integrantes da equipe não confiam uns nos outros, não discutem os assuntos abertamente e não estão comprometidos, eles não se responsabilizam uns com os outros. Ninguém faz nada pelo outro, sem ajuda. Nessas horas você ouve aquela frase “ah, mas eu fiz a minha parte”. Então, os esforços perdem foco, fica cada um por si, e tudo entra logo em colapso.
5. Falta de atenção aos resultados — Os membros de uma equipe disfuncional perseguem objetivos pessoais ou departamentais e não o objetivo da equipe. Eles podem estar procurando satisfazer ao seu ego ou ultrapassar um rival, mas qualquer que seja seu objetivo, isso não é o que a equipe precisa fazer.
Em contrapartida, os membros das equipes bem-sucedidas confiam uns nos outros. Eles lançam, debatem e discutem as ideias, tomam decisões e agem de acordo com os planos. Eles responsabilizam-se uns aos outros, mostrando com isso que cada indivíduo é uma parte importante da equipe e seu trabalho é valioso para ela. Os integrantes das equipes bem-sucedidas estão focados no essencial: alcançar o objetivo da equipe.
Quando vivemos mudanças em uma equipe, as relações ficam desajustadas e é preciso um empenho adicional de cada um para somar ao coletivo e reencontrar o equilíbrio. A competição deve existir no mercado, mas dentro da equipe, é a COLABORAÇÃO a verdadeira competência necessária nesse contexto.
Colaboração é fazer junto, criar junto, conversar e achar formas de solucionar problemas. É ter a iniciativa de fazer por você e pelos outros, de pensar que o coletivo é maior do que o individual. É ter alinhamento com todos, como se estivesse remando para o mesmo lado, com o mesmo objetivo comum, de propósito e de metas. Quando colocamos a competência de Colaboração para funcionar de verdade, a soma das competências é muito maior do que o resultado de unir todas as individualidades. Nesse caso, 2+2 dá do 4, a 5, 6 Porque quando juntamos competência, energia e foco, a capacidade de realização aumenta exponencialmente. Para promover essa mudança, comece por você! O que você faz para colaborar com sua equipe?
(*) É membro dos Empreendedores Compulsivos, Trainer de Comunicação, Propósito e Performance, e tem como foco ajudar pessoas a desenvolverem competências de comunicação para potencializar engajamento e resultados com equipes e clientes. Possui mais de 20 anos de carreira, agrega experiências e conhecimentos em empresas nos setores de Agronegócio, Automobilístico, Alimentos e Bebidas, Comércio, Construção, Farmacêutico e Químico, Financeiro e Seguros, Papel e Celulose, TI e Telecom, Varejo. É especialista em temas relacionados à Comunicação, Liderança, Gestão de Equipes de Alto Desempenho e Gestão de Conflitos, Vendas, Negociação e Articulação de Soluções.