Daniel Peralles (*)
O coronavírus mudou completamente a nossa vida e após três meses de rotina alterada, a pandemia já trouxe alguns ensinamentos para empresas e a sociedade como todo. Mas aqui falando do nosso universo de tecnologia, o que aprendemos? Um meme que circula nas redes sociais e aplicativos de conversa exemplifica o momento atual.
Ele diz que não foi o CEO, CIO e/ou CDO que acelerou a tão falada transformação digital, e sim, a Covid-19. Para o mercado corporativo, a possibilidade de ganho mais visível, até agora, é o home office, por outro lado, o isolamento também abriu espaço para outras tendências de Tecnologia, e aqui listo três:
- DevOpSec – No momento atual, quem se adaptou mais rápido, conseguiu minimizar os impactos da crise. Com isso, daqui para frente, um movimento que deve ganhar força é adoção da DevOpSec. Quando falamos do ciclo de desenvolvimento de software, a interação humana deixa espaço para falhas — por isso, o feedback rápido e seguro é a chave para adaptação exigida.
Com DevOpSec, a união das práticas de Desenvolvimento, Operação e Segurança com automatização, as validações são contínuas a cada alteração. O código é compilado, os requisitos de segurança são checados e as regras funcionais validadas. Uma vez que está tudo conferido, a produção é atualizada com uma nova versão e no final do processo o cliente é avisado que uma atualização está disponível para ele utilizar.
A metodologia é uma alternativa para dar a velocidade que o mundo digital pede, sem abrir mão das credenciais de segurança e qualidade. E por que esse conceito tende a ganhar mais espaço no pós-pandemia? Simples. Ter processos rápidos permite encontrar soluções rápidas e aumentar a velocidade do ciclo de feedback.
- Dados e algoritmos – O mercado fala de inteligência de dados há um bom tempo, mas a análise efetiva de grandes volumes de informações só passou a ser possível “recentemente”, com a criação de tecnologias mais modernas e uma internet mais rápida. Fazendo uma analogia simples, comparar fotos de gato com cachorro está mais simples, descobrir a raça de cada um está começando a ser mais fácil, mas identificar os padrões de comportamento deles ainda é um desafio.
Daqui para frente veremos crescer o uso de algoritmos, inclusive para soluções de problemas gerados pela Covid-19. Por exemplo, com o isolamento, contratar virou uma tarefa desafiadora para profissionais de RH, que precisam digitalizar os processos de admissão.
Todo mundo sabe que no Brasil, sem a documentação correta, simplesmente não é possível contratar um novo colaborador. Como atestar que o comprovante de residência é valido se o País tem uma base com mais de 300 milhões de endereços? Se em cada região ele tem um padrão diferente? Algoritmos!
- Colaboração – O conceito de comunidade também crescerá após a crise. Já é um consenso que tecnologia não se faz sozinho e que trabalhar em rede é uma maneira eficaz de acelerar a inovação. E neste contexto, abrir mão da propriedade intelectual em prol da comunidade desenvolvedora, o chamado software open source ou código aberto, deve despontar.
Permitir que qualquer desenvolvedor teste evolua o seu software ainda é uma barreira a ser vencida por muitas empresas, mas um movimento forte avança e tem entre os adeptos gigantes como Netflix e Facebok.
O “novo normal” já está entre nós e a tecnologia terá um papel fundamental no mundo que estamos criando a partir desta crise.
Sairemos desse momento mais digitais do que nunca e isso exigirá dos profissionais e empresas de TI pensar em soluções rápidas — seja usando DevOpSecs na criação de novos processos, investindo em algoritmos para análises inteligentes ou colaborando com o ecossistema de inovação e desenvolvimento.
(*) – É diretor de engenharia de produto da ao³.