Leonardo Dominguez Dias (*)
Apesar das turbulências do cenário econômico brasileiro, em 2020, os investimentos globais com TI devem ter uma recuperação acentuada, comprovando que a tecnologia está, de fato, virando protagonista dos processos das empresas na era digital.
O crescimento do mercado de TI (hardware, software e serviços) previsto para 2019 foi de 1,3% e irá acelerar em 2020, com aumento de 4,8%. A projeção é da consultoria IDC. Já o mercado de telecomunicações encerrará 2019 com baixa de 3,5% e começará a se recuperar em 2020, crescendo quase dois pontos percentuais.
Para o Brasil, a IDC prevê crescimento de 4,5% para o mercado de TI, em 2020, e 0,2% para o mercado de telecomunicações. O País deve investir US$ 48 bilhões em TI e US$ 41 bilhões em serviços de telecomunicações neste ano. Na Jornada Digital continuam valendo todas as fichas
Compartilho 5 destaques dos especialistas em tecnologia da IEEE Computer Society, apresentando o que acreditam ser as tendências tecnológicas mais amplamente adotadas em 2020. Mas vale a pena a leitura do artigo na íntegra para entender o que nos aguarda logo ali adiante:
- Machine Learning e IA nas pontas. Chips e dispositivos como câmeras, mesmos desconectados terão capacidade de serem treinados para executar funções específicas como contar pessoas, veículos, insetos e detectar comportamentos anormais em locais públicos.
- Cada vez mais os conceitos de gêmeos digitais serão utilizados e os primeiros gêmeos digitais cognitivos estarão sendo testados em 2020. Além do modelo digital de um objeto físico a capacidade de processar “pensamentos”, e adquirir conhecimento para tomar decisões acrescentará uma camada mais sofisticada de aplicação dessa tecnologia.
- Cibersegurança: aplicação de Inteligência Artificial e Machine Learning devem ser empregados para detectar ameaças e oferecer recomendações aos analistas de segurança. A colaboração entre governos, indústria e academia deve gerar recursos para aplicação da IA e ML nas questões de cibersegurança e escala global;
- Computação quântica. A utilização da física quântica na construção de dispositivos eletrônicos e o avanço do processamento dos computadores deve apresentar novos resultados em 2020, mas ainda será uma ciência em desenvolvimento. No entanto, os ganhos que a sociedade pode ter com a tecnologia quântica devem incentivar empresas e pesquisadores a continuar investindo em seu desenvolvimento.
- Sistemas inteligentes e autônomos continuam atraindo investimentos para tornar cidades inteligentes, meios de transporte automatizados e robôs cada vez mais geniais. Na mesma proporção que a adoção deve crescer os cuidados com a segurança e a confiabilidade desses sistemas crescerá também afim de evitar acidentes envolvendo pessoas e o meio ambiente.
Das 12 tendências apresentadas essas 5 devem impactar empresas e sociedade de forma mais assertiva. Além das tendências tecnológicas citadas acima, um assunto que deve consumir investimentos das empresas brasileiras é a necessidade de adequação à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), cuja vigência prevista para agosto de 2020.
Consultorias para mapeamento de processos, ferramentas para mapeamento de dados, esforço de adequação sistêmico e gastos com escritórios de advocacia são alguns exemplos de contratação que demandará necessidade de investimentos. É importante valorizar que cada empresa tenha a jornada digital que necessite: simples, incremental e eficaz.
É importante lembrar que essa Jornada Digital não se constrói somente com tecnologias emergentes e modelos disruptivos. Muito do que as empresas já utilizam é o caminho para a evolução. Fica como recomendação para o planejamento de 2020 a definição de critérios maduros para guiar onde priorizar o investimento tendo a segurança, a busca por estabilidade operacional e a experiência do usuário como preferências.
E para fechar esse artigo confira as dez previsões da IDC:
- Em 2020, 80% das lideranças executivas de TI serão compensadas com base nos KPIs e métricas de negócios que medem a eficácia da TI na geração de desempenho e crescimento de negócios, e não com base em medidas operacionais de TI.
- Em 2020, 60% dos CIOs iniciarão uma estrutura de confiança digital que irá além da prevenção de ataques cibernéticos e permitirá que as organizações se recuperem de forma resiliente de situações, eventos e efeitos adversos.
- Até 2021, impulsionados pelas necessidades das áreas de negócio, 70% dos CIOs fornecerão “conectividade ágil” por meio de APIs e arquiteturas que interconectam soluções digitais de fornecedores de nuvem, desenvolvedores de sistemas, startups e outros.
- Até 2021, compelidos a reduzir os gastos com TI, melhorar a agilidade corporativa e acelerar a inovação, serão adotados, de maneira agressiva, dados e IA às operações, ferramentas e processos de TI.
- Em 2021, muitos expandirão as práticas de Agile/DevOps para áreas de negócio, a fim de alcançar a velocidade necessária para inovação, execução e mudança.
- Até 2022, 65% das empresas deverão transformar e modernizar as políticas de governança para aproveitar as oportunidades e enfrentar os novos riscos impostos pela inteligência artificial, o machine learning e a privacidade e ética dos dados.
- Até 2022, 75% das estratégias digitais bem-sucedidas serão construídas por um departamento de TI transformado, com infraestrutura, aplicativos e arquiteturas de dados modernizados e racionalizados.
- Até 2022, 75% das organizações que não capacitarem as equipes de produtos de TI para permitir a inovação, a disrupção e a escala digitais falharão em suas funções.
- Até 2022, o conjunto de talentos para tecnologias emergentes será inadequado para preencher pelo menos 30% da demanda global e o desenvolvimento e retenção eficazes de habilidades se tornarão estratégias diferenciadoras.
- Em 2023, 70% dos das companhias que não puderem gerenciar a governança, a estratégia e as operações de TI, dividindo-as entre a computação de ponta, dominada pelas áreas de negócio, e a tecnologia operacional, falharão profissionalmente.
(*) – Mestre e engenheiro de computação pela Poli-USP, professor de pos graduação no Mackenzie e no PECE USP, é diretor da Evo Systems, empresa especialista em inovação em TI.