A mancha de poluição de 163 km estendeu-se entre os municípios de Mogi das Cruzes e Cabreúva, além trecho de 8 km no município de Salto. Foto: Rovena Rosa/ABr
O trecho morto do Tietê, maior rio do estado de São Paulo, alcançou a marca de 163 quilômetros neste ano, o que representa um aumento de 33,6% em relação ao ano passado (122 km), deixando a água imprópria para uso nessa extensão. A menor mancha de poluição já registrada na série histórica do levantamento ocorreu em 2014, quando a extensão do trecho considerado morto foi de 71 km. Os dados foram compilados pela Fundação SOS Mata Atlântica, divulgado ontem (19).
Às vésperas do Dia do Tietê, comemorado neste domingo (22), o estudo mostra que a condição ambiental do rio está imprópria para o uso, com a qualidade de água ruim ou péssima nesses 163 km, que correspondem a 28,3% da extensão monitorada pela entidade. O monitoramento ocorre em 576 kms do rio, desde o município de Salesópolis, na sua nascente, até a jusante da eclusa de Barra Bonita, na Hidrovia Tietê-Paraná. O maior rio paulista corta o estado por 1.100 km, desde sua nascente até a foz no Rio Paraná, no município de Itapura.
“Rios e águas contaminadas são reflexo da ausência de instrumentos eficazes de planejamento, gestão e governança”, disse a especialista em água Malu Ribeiro, da Fundação SOS Mata Atlântica, que destacou alguns fatores que levaram ao aumento da mancha de poluição, como urbanização intensa, falta de saneamento ambiental, perda de cobertura florestal, insuficiência de áreas protegidas e diferentes fontes de poluição, agravados pela falta de chuva.
A mancha de poluição de 163 km estendeu-se entre os municípios de Mogi das Cruzes e Cabreúva e em mais um pequeno trecho de 8 km no município de Salto. Dois dos piores trechos, onde a água é considerada péssima, localizam-se nas proximidades do Cebolão – no encontro com o Rio Pinheiro – e junto à barragem da Penha, onde o Tietê recebe os efluentes do município de Guarulhos.
“[Existem] municípios não operados pela Sabesp que têm baixíssimos índices de coleta e tratamento de esgoto, como Guarulhos, que chega a ter 6% de esgoto tratado. Mogi das Cruzes também não faz parte do projeto de despoluição do Tietê e está na cabeceira do rio”, disse a especialista. Para Malu, é necessário integrar os municípios não atendidos pela Sabesp ao projeto de despoluição do Tietê (ABr).