A UE e o Mercosul representam 25% do PIB global, com 773 milhões de pessoas com variedade de demandas e de produtos. Foto: Isac Nóbrega/PR
Em meio ao crescente protecionismo pelo mundo, acordos de livre comércio entre blocos como o da UE com o Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) garantem acesso a mercados, avaliou a economista franco-britânica Emily Rees, ex-adida da França no Brasil, no 7º Fórum de Agricultura da América do Sul – Da Produção ao Mercado – Global e Sustentável.
O acordo entre UE e Mercosul foi fechado em junho.“Em um mundo com protecionismo crescente, tem que buscar esses contratos de comércio entre os blocos. Isso assegura o acesso, a abertura de mercados que estão se fechando”, disse. Para ela, o acordo de livre comércio dará impulso ao comércio exterior. Destacou, também, as negociações já avançadas do Mercosul com Canadá, Cingapura e Coreia do Norte, além das expectativas de negociação com o Japão.
A economista considera “um avanço” a conclusão das negociações de acordo de livre comércio entre o Mercosul e o EFTA, bloco de países europeus formado por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein. Emily lembrou que a UE e o Mercosul representam 25% do PIB global. “São 773 milhões de pessoas com variedade de demandas e de produtos”, ressaltou. Outro aspecto é que a UE é um “mercado qualificador”. “O produto exportado para o Mercosul ‘ganha um selo de qualidade’ para exportar para o mundo inteiro, ou seja, abre outros mercados”, ressaltou.
A representante da Conselho Agropecuário da América do Sul, formado pelos ministros de Agricultura da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai, Maria Noel Ackerman, afirmou que a UE é um parceiro comercial estratégico. “É um dos principais demandantes de produtos de bens de base agrária – 18% das vendas de bens base agrária do Mercosul vão a esse destino. Há alto grau de complementariedade entre as regiões”.
Ainda na apresentação do painel, Emily Rees, destacou que o protecionismo no mundo está crescente e vai além da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China. “95% do comércio internacional ocorre entre outros países [sem a participação de Estados Unidos e China]. Em 2018, três quartos das novas barreiras e distorções não tinha nada a ver com a guerra comercial”, disse no painel com o tema UE/Mercosul – Produção sul-americana conectada com a Europa (ABr).