André Kamkhaji (*)
A hotelaria de alto padrão caracteriza-se pela oferta de suítes amplas, decoradas luxuosamente e repletas de mimos e confortos.
Algumas têm piscina privativa, sauna e até cozinha independente. Para adequarem tantas regalias, os estabelecimentos desenvolvem acomodações que chegam a medir centenas de metros quadrados. A maior suíte do mundo, de acordo com o Guinness World of Records, é a Royal Suite, do Grand Hills Hotel & Spa, um estabelecimento localizado em Brumana, pequena cidade do Líbano.
Com 4.131 m², a “suíte” está mais para um palacete: tem sete andares, salas de estar (assim mesmo, no plural), biblioteca, jardins e piscinas privativas. Tudo decorado com obras de arte, a um custo de US$ 80 mil a diária – totalmente fora do alcance de quem não for um bilionário com multa vontade de gastar dinheiro.
No extremo oposto de toda essa opulência, agrupam-se as opções de hospedagem para quem quer viajar muito e gastar o menos possível. Hostels, pousadas, campings e hotéis modestos, além de soluções mais recentes, como o Airbnb, oferecem acesso ao turismo para bolsos de todos os tipos.
Nesse universo das “hospedagens acessíveis”, começam a se disseminar pelo mundo os hotéis que dispõem de “micro quartos”. A premissa desses estabelecimentos é a seguinte: se você está viajando, seu objetivo é passear e conhecer o máximo de lugares. Portanto, basta que o hotel ofereça acomodações adequadas para tomar banho e dormir – nada que não possa ser feito em um espaço de 15 metros quadrados.
A tendência vem se firmando principalmente em cidades tradicionalmente caras, como Amsterdã e Nova York. O Hotel Arlo Hudson, por exemplo, em Hudson Square, dispõe de suítes enquadradas na categoria “quatro estrelas” que oferecem apenas beliches, cama de solteiro ou cama de casal queen, minibares e pinos fixados nas paredes que fazem as vezes de cabides.
Mas existem acomodações ainda menores. Surgidos no Japão, os “hotéis cápsulas” oferecem cubículos que medem apenas um metro de largura e abrigam pessoas que perderam o último trem ou beberam demais e não podem dirigir no retorno para casa. Servem, portanto, apenas para dormir por uma noite. Estima-se que 1.600 hotéis desse tipo já operem no país.
Quem já se hospedou em um micro quarto sabe bem o quanto essa experiência pode ser divertida, desde que a pessoa entre no clima. Especialistas em arquitetura definem os micros hotéis como exemplos construtivos alinhados à necessidade contemporânea de lidar com a escassez de espaço e de recursos, que se farão cada vez mais presentes no planeta.
Seja como for, a tendência parece ter vindo pra ficar e merece atenção de viajantes, aventureiros e, claro, investidores. Por que não pensarmos em algo assim para o Brasil?
(*) – É especialista em investimentos imobiliários e sócio diretor da Union National.