O ministro da Economia, Paulo Guedes, na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, debateu a reforma da Previdência. Foto: José Cruz/ABr
O Brasil gasta dez vezes mais com aposentadorias do que com educação, disse ontem (3) o ministro da Economia, Paulo Guedes, ao iniciar sua fala na CCJ da Câmara dos Deputados. Em audiência para discutir a reforma da Previdência, disse que o sistema de repartição (onde os trabalhadores da ativa financiam os aposentados) está fadado ao fracasso. Destacou que a maior despesa que pressiona o déficit das contas públicas tem sido a Previdência.
“Ano passado gastamos R$ 700 bilhões com a Previdência, que é o nosso passado, e gastamos R$ 70 bilhões com educação, que é o futuro. Gastamos dez vezes mais com a Previdência que com o futuro, que é a educação. Antes de a população brasileira envelhecer, a Previdência está condenada”, declarou. Os problemas fiscais decorrentes do crescimento dos gastos com a Previdência estão se impondo aos governos locais. “Independentemente de quem esteja no governo, esse problema está se impondo”, advertiu.
O ministro participou ontem (3), de audiência na CCJ para explicar a proposta que reforma a Previdência. Voltou a defender que a reforma da Previdência resulte em economia mínima de R$ 1 trilhão nos próximos dez anos para financiar a transição para o sistema de capitalização (onde cada trabalhador contribui para a própria aposentadoria). Ele disse que o sistema atual tem um modelo de financiamento perverso ao se sustentar em tributos que incidem sobre a folha de pagamentos e aumentam os encargos trabalhistas para os empresários.
“Financiar a aposentadoria do trabalhador idoso desempregando trabalhadores é, na minha opinião, uma forma perversa de financiar o sistema. Cobrar encargos trabalhistas sobre a mão de obra é, do ponto de vista social, uma condenação. É um sistema perverso, onde 40 milhões de brasileiros estão excluídos do mercado formal”, declarou o ministro. Segundo Guedes, caso a reforma da Previdência não seja aprovada, o Brasil passará a ter problemas para pagar salários dos servidores, como Rio de Janeiro, Minas Gerais e Goiás.
Houve bate-boca quando um parlamentar disse que a capitalização não deu certo no Chile, e Guedes fez um paralelo com a crise econômica e humanitária na Venezuela. “Acho que a Venezuela está melhor [que o Chile]”, rebateu o ministro em tom de provocação. Guedes explicou que o Chile conseguiu implementar políticas sociais nos últimos 30 anos porque passou a sobrar recursos depois que o país adotou o regime de capitalização, nos anos 1980. Ele lembrou que a renda per capita do país hoje é o dobro da brasileira (ABr).