Claudia Taulois (*)
Sabe aquela pessoa que ao longo de muitos anos construiu um lindo projeto e foi levianamente trocada por outra mais nova durante ou após um momento de crise?
Hoje temos novas configurações desse cenário, incluindo o inverso e a questão profissional: empresas que demitem colaboradores antigos pelas promessas e olhos brilhantes da nova geração tão cheia de respostas e pouco afeita a comprometimentos.
Vejo executivos “empoderados” em seus alto cargos, decretando o destino de outras com tamanha frieza e descaso, apenas por capricho, e me pergunto se elas pensam, aos menos por alguns minutos, nos impactos provocados e no cenário ao seu entorno. Será? Difícil quem comente, concorde publicamente, ou ajude a questionar as más práticas…
Se a indignação e a cumplicidade fossem características do ser humano, o mundo certamente seria um lugar melhor e mais justo. A frase de Martin Luther King diz muito sobre isso: “O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons”. É claro que as empresas precisam pensar estrategicamente e ter em seus quadros colaboradores competentes e capazes… Entretanto, os motivos pelos quais as pessoas são demitidas ainda são sinistros e, de forma geral, desnecessários. No final, é tudo política.
Uma empresa não pode demitir sistematicamente sem motivos reais, gerando um clima de abatedouro, em que todos estão na fila, independente de resultado, entrega e comprometimento. Parece até loucura, mas infelizmente é a realidade de muitos funcionários, que se sentem como um chiclete que perdeu o doce e foi cuspido. Um sapato velho. A questão é que para alguns “chefes”, não há sapato que sirva. Nunca nada serve, é suficiente ou está bom!
Uma pena que assim seja para a sua própria infelicidade e, sobretudo, para aqueles que são obrigados a conviver com essa situação. Por trás de um incompetente, há uma fila de descartados, pois um “líder” ruim se esconde e se perpetua trocando as peças de tempos em tempos. Usa, suga a energia de quem chega e descarta assim que possível. Afinal, quem chega depois sempre traz um “gás novo, uma ideia ainda não testada, um brilho de esperança”.
O único alento para quem passa por isso é o livramento, a sensação de paz que virá depois que a dor amenizar. Nesse cenário, muito se fala sobre a importância da resiliência, ou seja, da capacidade de aguentar as situações mais adversas sem jogar a toalha. Acontece que a decisão de interromper um projeto ou relação não depende só de quem é capaz de aguentar mais e, para o resiliente, ser abandonado depois de ter se doado tanto, é uma dor absurda!
Desse descompasso muitas relações terminam prematuramente, demissões são feitas, projetos são abandonados. A ansiedade faz com que joguemos no lixo muitas histórias que poderiam ser lindas! E, no final, todos perdem. Por isso, precisamos construir relações longevas, sem desistir de sonhos e projetos, nem deixar alguém para trás.
É fato que uma pessoa que acredita que as coisas se constroem com o tempo e que por isso não desiste de nada nem ninguém durante esse processo de amadurecimento, consegue construir mais que as demais.
E você, investe e dá tempo para a relação se fortificar? Quão persistente você é? No campo profissional, você como líder, dá o tempo necessário para que os processos se concretizem? Essas reflexões podem evitar muita dor e decisões equivocadas.
O mundo está cada vez mais difícil e clama por pessoas corajosas que queiram mudar o “status quo”. Só depende de nós!
(*) – Publicitária e escritora, é fundadora da Engaging/Estamos Juntos.