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Habilidade interpessoal é critério de avaliação

em Opinião
terça-feira, 18 de setembro de 2018

Monica Portella (*)

Ao observarmos o mercado de trabalho, podemos constatar que este está mudando, sendo que a forma pela qual as pessoas são avaliadas atualmente vem sofrendo transformação.

Os empregadores estão mais preocupados com as habilidades de relacionamento dos funcionários, ou seja, com as habilidades interpessoais. Este é um dos critérios de avaliação que vem sendo utilizado para se decidir questões relacionadas à contratação e promoção. Pesquisas realizadas em diversos países, em cerca de 500 corporações, agências governamentais e ONGs chegaram a conclusões semelhantes, no que se refere à importância das habilidades sociais.

As conclusões destes trabalhos, apontam de uma forma geral, para o papel predominante de fatores como a inteligência emocional (habilidades intra e interpessoais) na obtenção de excelência no trabalho (qualquer tipo de trabalho). Atualmente, as pessoas necessitam de certas qualidades como: iniciativa, capacidade de adaptação, resistência, otimismo, habilidades interpessoais, etc. Na década de 60 e 70, as pessoas subiam na vida frequentando as escolas apropriadas e cursando-as com distinção.

O mundo de hoje está apinhado de pessoas bem treinadas, que se mostraram promissoras, mas que estacionaram em um determinado patamar de suas carreiras e/ou descarrilaram em função de dificuldades interpessoais. Podemos observar que em muitos campos não competimos com pessoas que carecem de inteligência específica para ingressar e permanecer em um determinado campo de atuação, mas sim com um pequeno grupo que conseguiu vencer as barreiras da escolaridade e outros desafios cognitivos para ingressar em uma determinada área.

Fatores como as habilidades inter e intrapessoais não são usados tanto quanto o QI como fator de seleção para o ingresso em uma série de campos profissionais. Desta maneira, existe entre os profissionais uma variação muito maior no que se refere a tais habilidades (intra e interpessoais) do que no que diz respeito ao QI. Ou seja, é muito grande a diferença entre os que estão na extremidade superior e inferior da escala de inteligência emocional.

É importante ressaltar que estar no topo desta escala confere uma enorme vantagem competitiva a pessoa. Nessas condições, as habilidades interpessoais têm importância ainda maior para o êxito nos campos técnicos. Em suma, para se obter um desempenho de ponta em todas as funções, em todos os campos, as competências intra e interpessoais têm o dobro de importância das capacidades puramente cognitivas.

Alguns estudos constataram que, as pessoas que trabalham com TI são notórias por possuírem altos níveis de habilitação técnica. No entanto, em geral, esses indivíduos não se relacionam bem com as pessoas (baixo nível de competência interpessoal). De acordo com tais estudos, esses indivíduos tendem a carecer de habilidades sociais, como a empatia. Parece que em inúmeras áreas (mesmo na ciência e nas exatas), a excelência não tem a ver apenas com a competência técnica, mas com fatores relacionados à habilidades intra e interpessoais.

O século XXI apresenta um mundo em constante mudança e altamente interligado, ou seja, uma pessoa pode conquistar muito mais se estiver buscando a integração, e para fazer isto com eficiência precisa aprender a desenvolver suas habilidades interpessoais. Cada vez mais, o sucesso pessoal e/ou profissional, dependerá de nossa habilidade para lidar com o outro (habilidade interpessoal).

Vale lembrar que as competências interpessoais caminham em bloco. Ou seja, para obter um desempenho de excelência uma pessoa precisa dominar uma combinação de competências interpessoais e não apenas duas ou três dessas habilidades. Descobrimos que os profissionais de sucesso não são habilidosos apenas algumas dessas habilidades, por exemplo, em digamos, capacidade empática e auto-apresentação positiva.

Ou seja, essas pessoas possuem pontos fortes na maioria das habilidades interpessoais.

(*) – É psicóloga, pós doutora em psicologia pela PUC-Rio, doutora em psicologia social e cognitiva pela UFRJ e Mestre em psicologia social pela UFRJ. Professora e Supervisora da equipe clínica e docente do PSI+ e do CPAF-RJ e da Pós Graduaçao em Psicologia Positiva e Terapia Cognitivo Comportamental.