Iago Maciel (*)
Desde os processos de gestão até aquisições de talento, é visível que o empreendedorismo nacional está passando por uma revolução.
Seja por transições políticas, avanço da tecnologia, é cada vez mais comum ver grandes ícones, reverenciados mundo afora até pouco tempo atrás, obrigados a se adaptarem às novas demandas. Neste cenário, é fundamental pensar em como reconstruir premissas e renovar o significado do verbo empreender.
Ser empreendedor exige um esforço descomunal. Ainda mais quando ambientados no Brasil. Aqui, a estrutura da criação de um negócio é tão embargada que nos deu o prêmio de país onde mais se gasta tempo com burocracia tributária do mundo, segundo relatório divulgado pelo Banco Mundial em 2017. E os efeitos negativos são potencializados pelo pouco incentivo que existe à atividade aqui.
Tomar o controle da mudança pela qual a concepção e consolidação dos negócios precisa passar pode fazer a diferença para que os aspectos positivos se sobressaiam aos negativos. Um grande exemplo desta renovação pode ser vista, por exemplo, no surgimento de empresários cada vez mais jovens.
Mesmo inseridos em um ambiente tradicionalmente hostil, a participação de pessoas entre 18 e 34 anos no número total de empreendedores em fase inicial cresceu de 50% para 57%, de acordo com a pesquisa GEM 2017 do Sebrae/IBQP.O sonho de construir carreira em uma empresa ou no serviço público está ficando em segundo plano para muitos, que, ao invés disso, preferem ser donos do próprio negócio.
O sonho de construir carreira em uma empresa ou no serviço público está ficando em segundo plano para muitos, que, ao invés disso, preferem ser donos do próprio negócio. São aproximadamente 15,7 milhões de jovens em vistas de abrir um negócio ou com uma empresa em atividade até 3 anos e meio. Eles estão entendendo que inovar é a melhor forma de dar inaugurar o movimento e estimular a transição que tanto se anseia.
Neste momento, se destacam iniciativas que nadam contra a maré o buscam modificar o status quo estimulando o empreendedorismo. Um exemplo é o Movimento Empresa Júnior (MEJ), que incentiva uma educação empreendedora por meio da vivência empresarial ainda durante a formação acadêmica. Presente em 25 estados, o movimento está completando 30 anos no Brasil com mais de 600 empresas juniores e aproximadamente 20 mil empresários distribuídos em 208 universidades em todas as regiões do País.
Para endossar este sucesso, o MEJ brasileiro é responsável pelo maior evento sobre empreendedorismo jovem do mundo, o ENEJ, que neste ano levou cerca de 5.000 estudantes universitários de todos os cantos do País para a cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais. Foram quatro dias de palestras, workshops, análises de cases, minicurso e rodas de discussão com grandes nomes do mercado.
Atividades como essa podem ser a solução para que se construa um legado que realmente cause impacto no país, o que pode ser comprovado nos muitos negócios de sucesso que surgiram a partir de iniciativas criadas por jovens que foram formados por essa experiência empreendedora.
A metamorfose finalmente acontecerá quando o empreendedorismo jovem for plenamente incentivado para se tornar o alicerce que vai orientar o futuro.
(*) – É presidente da Brasil Júnior (www.brasiljunior.org.br).