O último censo encomendado pela administração municipal de São Paulo, feito em 2015, indicou que 15 mil pessoas viviam nas ruas da cidade. Foto: Rovena Rosa/ABr
O combate ao tráfico de drogas e o desenvolvimento de políticas públicas devem ser as principais medidas a serem adotadas na Cracolândia, na opinião dos habitantes da capital paulista. O resultado faz parte da pesquisa de opinião divulgada ontem (18) pela ONG Rede Nossa São Paulo. Entre os entrevistados, 59% acreditam que o combate ao tráfico pode solucionar a questão. Para 53%, a atuação conjunta do Poder Público em saúde, segurança, assistência social, educação e trabalho é a melhor forma de lidar com o problema.
Além disso, 43% destacaram a necessidade de construção de unidades de saúde com foco no atendimento aos usuários de drogas. A Cracolândia, localizada na Luz, reúne centenas de usuários de drogas e população em situação de rua e tem sido alvo de constantes operações da Polícia Militar e Guarda Civil Metropolitana. A repressão foi intensificada depois da mega ação policial realizada em maio de 2017, que deslocou a aglomeração de pessoas para a esquina da Rua Helvetia com a Al. Dino Bueno.
Entre outras possibilidades de atuação levantadas estão o incentivo à sociedade civil para criar projetos de atendimento aos usuários (33%); o cuidado com as famílias que vivem na região (27%); uma parceria da prefeitura com o governo estadual para aumentar a ação policial (27%); o incentivo à instalação de empresas na área (23%). Sobre a população de rua, 37% dos entrevistados destacaram a necessidade de ampliar o número de centros de acolhimento, 34% acham que o melhor é oferecer cursos de capacitação e 30% querem incentivos a empresas para contratar essas pessoas.
A ampliação da rede de atendimento socioassistencial deve ser o foco para 27% e 26% defendem que prédios desocupados ou com dívidas com a prefeitura devem ser destinados à moradia popular. O estudo foi elaborado a partir de 800 entrevistas com residentes em São Paulo com mais de 16 anos de todas as regiões da cidade.
Para Aldaíza Sposati, professora da pós-graduação em Serviço Social da PUC-SP, a desestruturação dos serviços de atendimento à população vulnerável ao longo dos últimos anos provocou o espalhamento dessas pessoas pela cidade. A especialista defende que haja uma continuidade nas ações de modo a aproveitar o acúmulo de experiência e conhecimento. O último censo encomendado pela administração municipal de São Paulo, feito em 2015, indicou que 15 mil pessoas viviam nas ruas da cidade (ABr).