Fernanda Andrade (*)
Escolher uma profissão não é fácil. Infelizmente, essa é uma decisão que tomamos muito cedo, quando ainda somos jovens demais
Por isso, alguns acabam abandonando a faculdade antes mesmo do fim do curso. Outros seguem e, mais tarde, se arrependem da escolha e decidem mudar de área. Há também os que trilham uma carreira feliz e de sucesso por anos, mas depois resolvem recomeçar. Seja qual for a situação, mudar de carreira é algo que sempre demanda muita atenção e planejamento.
Muitas vezes, o que motiva a transição são fatores internos. O profissional já não se sente mais realizado com o que faz. Está desmotivado. Nesses casos, vale a pena considerar se a insatisfação é com a profissão ou com a empresa. Se for com a companhia, cabe uma conversa sincera com o gestor. Talvez alguma mudança já seja suficiente. Ou então, se a empresa for o problema, é preciso considerar buscar novas oportunidades no mercado dentro da mesma área.
A transição também pode ser motivada por questões bastante pessoais, como a chegada de um filho, uma doença ou a perda de uma pessoa querida. Em situações como essas, é comum uma pessoa repensar toda a sua trajetória e buscar algo que faça mais sentido para o seu momento atual. Se permitir essa auto análise de modo profundo é crucial. Não podemos agir por impulso num momento de pura vulnerabilidade. Uma decisão como essa implica em muitas consequências, por isso, deve ser muito bem pensada.
A mudança pode ser motivada ainda por fatores externos. O mundo vem mudando muito e de forma cada vez mais rápida. Os avanços tecnológicos já fizeram e ainda vão fazer muitas profissões simplesmente deixarem de existir. Em especial as funções repetitivas e de fácil automatização, tendem a ser substituídas por robôs e inteligências artificiais. Logo, quem ocupa cargos como esses deve começar a buscar outras alternativas, sempre olhando para dentro de si e levando em consideração os seus desejos, habilidades e anseios profissionais.
Se, por qualquer que seja o motivo, você pretende fazer uma transição de carreira, minha sugestão primordial é elaborar uma lista de prós e contras. O que você tem a ganhar com essa mudança e o que pode perder? Nessas horas, é muito importante contar com apoio profissional, seja um Psicólogo, Consultor de Carreira ou um Coach. Esses especialistas estão acostumados a lidar com essas questões e podem te ajudar não só a tomar a melhor decisão, como principalmente para se preparar melhor para ela.
Caso você opte mesmo por mudar, é preciso considerar que essa decisão não impacta só a você, mas também a sua família. É prudente se preparar emocionalmente para os desafios que surgirão. Além disso, é necessário ter reservar financeiras. Afinal, a mudança implicará na redução das receitas e no aumento das suas despesas, já que será imprescindível investir mais recursos em sua formação profissional. Os esforços vão depender muito do tamanho dessa mudança. Aquelas que exigirem um novo curso superior, por exemplo, certamente serão as mais desafiadoras.
Nesse sentido, o planejamento é fundamental. O profissional precisa estabelecer metas de curto, médio e longo prazo. É preciso ter foco e objetividade. Cabe estudar muito bem o mercado em que se pretende atuar. Conversar com quem já atua na área pode ser relevante. Desenvolver novas habilidades fará parte do dia a dia. Será necessário passar pela curva de aprendizagem e enfrentar a insegurança. É importante ainda desenvolver a humildade, visto que será preciso conviver com pessoas mais jovens e de perfis diferentes.
Agora, se a transição de carreira for para empreender, é importante saber se você tem o perfil adequado. O empreendedorismo requer muitas habilidades, como liderança, organização e tino comercial. Há vários testes, para você descobrir se tem ou não os requisitos adequados para abrir o próprio negócio. Nesse caso, além de ajuda profissional, o empreendedor deve buscar apoio em instituições como o Sebrae, que ajudam na orientação de abertura de novas empresas.
Por fim, cabe destacar que toda ação tem seus prós e contras. Avaliar cada detalhe antes de tomar uma decisão é fundamental para evitar arrependimentos. Continuar numa carreira que não lhe dá mais prazer pode ser um preço muito alto. Entrar em um novo desafio profissional sem muitas certezas do que se deseja, também. É preciso muita calma e cautela antes de qualquer atitude.
No fundo, o que todos desejam é uma carreira com mais sentido, que proporcione uma real satisfação, seja necessária uma transição ou não.
(*) É Gerente de Hunting e Outplacement da NVH – Human Intelligence (http://nvh.com.br/2017/human/).