Tatiana Porto (*)
Para entender as pessoas, os executivos devem explorar o campo de humanidade.
Os espólios da economia digital irão para as empresas que se concentrarem primordialmente nas pessoas, e que mantiverem a tecnologia como uma válvula propulsora da economia e auxiliadora do capital humano. Ao discernir as verdadeiras necessidades dos clientes e, posteriormente, a utilização da tecnologia, será possível desenvolver soluções eficazes, personalizadas e aplicáveis para cada área de negócios.
O fato é que estamos vivenciando uma verdadeira transformação digital, e colocar os clientes em primeiro lugar não diminui a importância da tecnologia. Em vez disso, uma compreensão profunda do cliente deve ajudar a orientar a escolha das tecnologias a ser incorporadas. É claro que a organização pode ter uma grande estratégia de dados, infraestrutura, mídia social, mobilidade ou mesmo uma ampla estratégia digital. Tudo isso é importante, mas não deve ser o ponto de partida.
Quando a estratégia digital de uma organização é, em grande parte, um resumo de como ela utiliza as muitas tecnologias disponíveis, isso é um sinal claro de que a empresa está focada unicamente na tecnologia, em vez de colocar as pessoas em primeiro lugar. Assim, a primeira pergunta que os executivos devem fazer a si mesmos, quando pretenderem embarcar em uma transformação digital, não é tecnológica, mas humana: que diferença devemos fazer na vida dos nossos clientes?
Para entender verdadeiramente as pessoas, os executivos devem explorar o campo de humanidades, que contempla conhecimentos criteriosamente organizados da produção criativa humana, estudados por disciplinas como Filosofia, História, Antropologia, Filosofia e Ciências Sociais. Já em relação à tecnologia, os executivos devem se dedicar fortemente ao desenvolvimento e análise de software.
Contudo, o que se torna imprescindível é que os grandes líderes empresariais combinem essas duas abordagens, ou seja, devem construir equipes e organizações que incorporem a visão de que, para as empresas se tornarem mais digitais, precisam se tornar mais humanas. Por isso, é importante aplicar os três pilares a seguir no dia a dia das organizações, para que elas desenvolvam uma visão clara e orientada ao cliente.
– Entender as pessoas e suas necessidades: as empresas devem ter uma visão clara e orientada ao cliente.
– Apostar em tecnologias disruptivas: as empresas precisam ser digitais, e não apenas fazer o digital.
– Interagir com seu público de interesse de forma proativa: certificar-se de que as duas perspectivas – pessoas e tecnologia – coexistam nas mesmas equipes de projeto.
Vale ressaltar que este olhar mais humano deve ser aplicado também aos clientes internos. É muito importante que as organizações olhem de uma forma mais personalizada para os seus colaboradores, entendam as suas reais necessidades e trabalhem em ações que efetivamente as suprirão, ao invés de proverem um tratamento massificado.
Trata-se, certamente, de um grande desafio, e cada vez mais presente no cotidiano das empresas.
(*) – É diretora de RH da Cognizant Brasil, uma das maiores consultorias de tecnologia do mundo, com mais de 20 anos de atuação e faturamento de US$ 14, 8 bi (www.cognizant.com).