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Economia global desequilibrada

em Artigos
quarta-feira, 11 de abril de 2018

Benedicto Ismael Camargo Dutra (*)

Longe vai o tempo do papagaio Zé Carioca, animação criada por Walt Disney que disseminava a cultura da malandragem em tom de brincadeira e que foi se inserindo nas ações da vida real.

Assim passaram-se décadas de mau caminho para o Rio de Janeiro. O processo para reverter essa situação é longo e penoso, mas tem de ser perseverado. O grande atraso econômico do Brasil acentuou-se quando o dólar ficou barato para combater a inflação. Em vez de aumentar a produção, aumentamos as importações, fechando fábricas, perdendo espaço para pesquisa e desenvolvimento, ampliando a dependência das commodities, desequilibrando as relações comerciais.

Que benefícios o país recebeu com a globalização? Estamos precisando de um balanço real das consequências da globalização para o mundo, e em especial para o Brasil, ao mesmo tempo em que devem ser feitos prognósticos do que vem por aí com a desglobalização. Por que a humanidade chegou ao extremo de precisar ingressar em guerras comerciais para reequilibrar a economia? Esse é o grande desarranjo que tem provocado a transferência e concentração de dinheiro nas mãos de uns e dívidas para outros.

O declínio e a miséria avançam em várias regiões do planeta, sem que as entidades criadas para manter a paz e o progresso consigam fazer alguma coisa. Os Estados Unidos conseguem fazer o dinheiro circular internamente gerando emprego e rendas, o que tem sido difícil para países dependentes de commodities e cuja indústria seja insípida. No mundo de hoje, o populismo e a barbárie novamente caminham lado a lado. Os valores vão sendo perdidos sem que haja quem os defenda.

Nada mais é sagrado e não há pudor em muitas ações nocivas que estão sendo observadas praticamente sem causar choques. A arte também vai nessa toada, mostrando as mais embrutecidas ações. A conduta moral está sendo posta debaixo do tapete para não causar incômodos. Tal qual falsos profetas, os políticos populistas estão surfando na insatisfação que se expande pelo mundo. Em décadas passadas havia mais empregos e a possibilidade de melhoras. Hoje se percebe precarização e declínio moral.

Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, a economista e reitora da Escola de Governo Blavatnik, da Universidade de Oxford, no Reino Unido, Ngaire Woods afirmou: “Os salários dos trabalhadores estão estagnados ou em declínio desde a última década, e cortes nos gastos governamentais reduzem a qualidade e a oferta em saúde, habitação e educação. Muitas pessoas sentem que seus trabalhos são ameaçados por trabalhadores com salários mais baixos em outros países ou por robôs.

Nós precisamos de um novo modelo econômico que ofereça esperança às pessoas. Os políticos, em sua maioria, estão fracassando em dar respostas para esses desafios. Eles oferecem soluções graduais para pessoas que estão gritando por mudanças transformadoras. E é isso que os populistas estão prometendo”.

O ódio vai sendo semeado através da insatisfação e descontentamento espalhados pelo mudo com a divulgação de fatos e versões editadas, sem que seja apresentada nenhuma sugestão de saneamento. As massas vão sendo envenenadas sem conhecer as reais causas da miséria, mas com o ódio destrutivo aflorando na pele que poderá ser deflagrado a qualquer momento, sem que nada seja resolvido.

Os jovens do século 21, ao se defrontarem com o mundo áspero, ditado pelo apego ao dinheiro, estão rompendo os padrões e passando a agir como melhor lhes aprouver. Contaminados pela inquietação de não conseguirem vislumbrar melhoras no atual cenário de imediatismo que destrói vidas em meio à miséria social e desespero, se deixam dominar pela indignação e vão tomando atitudes sem falar nada sobre o que estão fazendo e o que esperam. No entanto, eles têm de reconhecer que não somos robôs insensíveis, e que cada um é responsável por tudo o que faz.

Para melhorar o mundo, as pessoas precisam manifestar claramente e pôr em ação o que elas tiverem de melhor, o que deixam de fazer, em geral, por serem espiritualmente imaturas, sem uma forte vontade voltada para o bem.

(*) – Faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel, é articulista e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites (www.vidaeaprendizado.com.br) e (www.library.www.library.com.br). É autor de: Nola – o manuscrito que abalou o mundo; 2012…e depois?; Desenvolvimento Humano; O Homem Sábio e os Jovens, entre outros ([email protected]); Twitter: @bidutra7.