Daniel Toledo (*)
Será preciso se adaptar a uma série de novas regras, aliado a um planejamento visando estruturar para preservar a família.
Diferente do que a esmagadora maioria pensa, acredita ou ouve falar não se sabe direito onde, uma mudança de pais definitivamente não é uma receita pronta onde basta seguir adicionando alguns elementos para dar certo. E não existe um valor exato e sim necessário, porque um processo de imigração é traçado estrategicamente conforme as características de cada solicitante. Mas sim, é preciso ter uma reserva de dinheiro.
Vamos usar os Estados Unidos como exemplo inicial. Se o requerente solicitar o visto EB-5, além dos 500 mil dólares, é preciso dispor também de uma quantia que deverá ser paga ao advogado e taxas administrativas, que varia em torno de 50 mil dólares. Contabilize também o aluguel, outras despesas até efetivamente começar a trabalhar. Podemos chegar facilmente a casa dos 600 mil.
Já o E2 e o L1, demandam um investimento em torno de 150 mil dólares. Tudo tem um custo e é muito subjuntivo. Se alguém disser um valor fechado, afirmando que são necessários exatos 50 mil dólares para se mudar, estará mentindo. Não existe um numero, porque o lugar escolhido pode ser mais caro ou barato, outro fator que impacta em todos os outros níveis.
O trabalho neste sentido é algo totalmente individualizado porque varia para cada situação. Por exemplo, Jose e Manuel irão abrir uma padaria, em locais totalmente distintos. Um vai solicitar o visto E2, porque é descendente de Italiano. Já o outro vem de Portugal, que só e possível aplicar o L1. Um tem três filhos e o outro somente um. O tipo de negocio é o mesmo, mas com vistos diferentes, e endereços comerciais também, ou seja, são números que mudam muito por isso o certo é pensar de forma macro.
Mesmo citando todos esses cenários, a reunião sempre esbarra na pergunta clássica, qual o mínimo para se mudar? Essa é sempre a preocupação inicial e, todas às vezes eu corrijo: “pense no necessário, afinal, você não esta diante de uma feira de barganha e sim de uma mudança de país e de vida, que envolvem novas atitudes onde comportamentos antigos devem ser repensados.
Será preciso também se adaptar a uma série de novas regras, aliado a um planejamento visando estruturar para preservar a família. Por isso, se deu aquela vontade de arrumar as malas, primeiro converse com as pessoas que você ama, fale sobre os seus planos e depois procure um especialista que possa oferecer todo o suporte necessário. Só ele vai te programar para enfrentar uma série de situações.
O passo seguinte é traçar um plano de ação e cumpri-lo, de forma gradativa. Por ter melhores condições, há quem consiga pular algumas etapas, já outros irão precisar de mais tempo. Atendi clientes que demoraram três anos ate o dia da mudança definitiva, conversava com eles a cada seis meses para ajustar algumas coisas e desenhar novas etapas.
Há clientes que relatam histórias de pessoas que entram com o visto de turismo e depois de um tempo arrumou emprego, conseguiu abrir empresa e por isso obteve a permanecia. Ou quem entra no pais com visto de estudante e “foi levando”. Isso é querer acreditar demais em uma situação que fica agradável ao seu ouvido, mas que esta longe do que é permitido. A realidade afasta do sonho, dá medo, mas ao mesmo tempo é algo seguro porque faz com que as pessoas coloquem o pé no chão e analisem a situação friamente.
Com base nos meus mais de dez anos neste mercado, posso afirmar que isso não dá certo. Quem está se organizando desta forma, convido a pensar antes na família e nos filhos. Sei que o Brasil está muito péssimo sem expectativas de melhoras, mas pior será acordar com o DHS batendo a sua porta para prender todo mundo. E todos esses cuidados servem em caso de mudança não só para os Estados Unidos mas também para qualquer outra parte do mundo. Se a ideia é ir para Portugal, então busque um profissional daquele pais que conhece o mercado e as leis. Ele vai orientar sobre valores, documentações e as devidas inscrições nos órgãos.
Mas antes de qualquer mudança, é preciso entender o que é empreendedorismo, no sentido de criar algo, do começo ao fim cuidando e revisando todos os detalhes. Em muitos casos, não temos as melhores opções ou cartas na mão! Mas com estratégia, orientação seguindo um planejamento de uma forma muito regrada, é possível ganhar o jogo.
(*) – É advogado, sócio fundador da Loyalty Miami e consultor de negócios (http://www.loyalty.miami) e ([email protected]).