Desenvolver relações de confiança deve ser prioridade para a liderança

em #tenhacicatrizes, Empreendedores Compulsivos
quarta-feira, 09 de fevereiro de 2022

Renato Martinelli (*)

As relações de confiança entre líderes e liderados estão cada vez mais complexas no mundo corporativo. E essa conta não é só por causa da pandemia. A complexidade está presente nas interações one on one e no trabalho em equipe, seja quando falamos do mesmo ambiente físico, na gestão remota e até no metaverso. 

Apesar de considerar que a liderança à distância traz seus desafios e suas particularidades, é super possível construir confiança, de longe e de perto. Porque não é o ambiente que interfere mais na relação, são as pessoas envolvidas no processo. A ausência de confiança é um dos maiores desafios que líderes enfrentam através dos tempos.

Apesar de termos evoluído muito como sociedade e relações humanas, vivemos em uma cultura da desconfiança e de inverdades. Fake news pra lá, fake news pra cá, desconfiança sobre governos, lideranças, empresas de mídias/notícias, tudo junto e misturado gera um caos nas relações, em quê e no quê confiar. É chefe de cá, funcionário de lá, naquele teatro corporativo que se arrasta em relações permeadas de falsidade, interesses individualistas e foco no próprio umbigo. 

Segundo a neurociência, a desconfiança é interpretada em nosso cérebro como perigo ou ameaça. Por isso, pode causar estresse e mal-estar, falta de iniciativa para agir e uma postura passiva e reativa nas situações de cenário adverso. 

Com toda essa perspectiva negativa, ainda tem jeito de desenvolver a confiança? Sim! E essa é uma das atividades mais importantes da liderança em relação à sua equipe. Mais do que isso, se o líder confiar em cada integrante do seu time, meio caminho está avançado. Contudo, é necessário também que cada pessoa da equipe confie no líder e nos colegas de trabalho. 

Aí sim teremos uma sólida base para um time de alta performance, com trabalho em equipe e senso de pertencimento, que não tem medo de conflitos e trata os problemas com maturidade e profissionalismo, para desenvolverem soluções em conjunto e se cobrarem para que cada um faça seu papel e o resultado coletivo seja atingido.

Se o ato de confiar pode ser entendido como convicção ou segurança em relação a alguma pessoa ou coisa, a partir de uma relação honesta entre os envolvidos, o sentimento de confiança vem a partir da crença na sinceridade da outra pessoa. E pense comigo: se eu confio, nem precisaria checar a informação que me foi passada, concorda?

A confiança é construída ao longo da relação entre líder e liderado pela realização das promessas feitas e pela coerência entre discurso e prática, o famoso Walk the Talk. Imagine que uma pessoa da equipe pediu um aumento de salário pela qualidade das suas entregas durante alguns anos sem receber nenhum reconhecimento financeiro ou promoção. O chefe diz que no final do ano vai conseguir o tão sonhado aumento para a pessoa, mas começo um novo ano e nada…para o liderado, mas o líder reconheceu outra pessoa que chegou a menos tempo e entregou bem menos, mas prega a política da meritocracia. Dá para confiar?

Se por um lado podemos analisar a construção da confiança pelos fatos e dados, de ordem racional, essa relação não ocorre apenas nessa esfera. Posso te dar todas as informações necessárias para você tomar uma decisão arriscada, e ainda digo “confia em mim, vai por esse caminho”, e mesmo que todos fatos lhe tragam segurança, ainda falta algo. Por isso, de outro lado, temos que considerar a confiança emocional que evolui ao longo do tempo na relação.

Confiança é praticada, vivenciada e só é construída a partir de interações humanas, a partir do cumprimento frequente de promessas, fidelidade aos valores pessoais e honestidade na comunicação. Se você confia no seu gestor ou gestora, e essa pessoa confia em você, vocês têm bases excelentes para avançarem juntos. Invista tempo e dedique-se para estabelecer parcerias de confiança. Os ganhos são muitos maiores do que o trabalho que dá para confiar e seguir nessa parceria.

(*) É membro dos Empreendedores Compulsivos, Trainer de Comunicação, Propósito e Performance, e tem como foco ajudar pessoas a desenvolverem competências de comunicação para potencializar engajamento e resultados com equipes e clientes.  Possui mais de 20 anos de carreira, agrega experiências e conhecimentos em empresas nos setores de Agronegócio, Automobilístico, Alimentos e Bebidas, Comércio, Construção, Farmacêutico e Químico, Financeiro e Seguros, Papel e Celulose, TI e Telecom, Varejo. É especialista em temas relacionados à Comunicação, Liderança, Gestão de Equipes de Alto Desempenho e Gestão de Conflitos, Vendas, Negociação e Articulação de Soluções.