A Inovação Não Violenta

em #tenhacicatrizes, Empreendedores Compulsivos
quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Fernanda Dutra (*)

Os problemas e os anseios por mudanças permeiam um mundo complexo e inter-relacionado, sejam pessoais, organizacionais ou relacionados a aspectos sociais. Entre invenções e descobertas, surge a inovação. Inovar envolve a realização de um empreendimento que conquiste um mercado. E como inovar de forma eficiente e não violenta? O objetivo central é uma experiência de produto ou serviço que solucione o problema de forma profunda e tendo congruência e harmonia com todo o contexto sistêmico ao qual aquela realidade se conecta, preservando ou até ampliando valores éticos e sustentáveis, aproveitando melhor os talentos que temos e, principalmente, entendendo as necessidades e sentimentos de todos os envolvidos. A cada sucesso produzido de uma inovação não violenta, nós nos tornamos mais conscientes.

A desconexão entre as pessoas, o afastamento das relações, a falta de entendimento do que realmente o cliente precisa são, hoje, algo muito comum nas organizações. Às vezes, as soluções parecem perfeitas, mas realmente são as melhores para as necessidades de quem vamos atender? Ou são boas soluções, mas causam algum impacto no meio ambiente? São soluções só funcionais a curto prazo ou realmente resolvem o problema? A abordagem empática me permite entender de fato as causas e atuar na solução integral que traga benefícios a todos de maneira sistêmica.

Inovar requer um mergulho na complexidade do problema, e esse mergulho é coletivo. Quanto maiores a diversidade e a complementariedade da equipe, maior será a capacidade de entender o problema para idealizar uma mudança. Quanto mais abrangentes forem os modelos mentais e as experiências anteriores, maior a necessidade de implementar uma comunicação não violenta e uma visão sistêmica que tragam coesão, sinergia e colaboração entre todos em direção ao foco do projeto de inovação.

A comunicação não violenta integra o foco nas relações e promove uma cultura de empatia tanto na relação produto/cliente quanto na condução interna da equipe em todo processo de inovação. Quando uso as práticas baseadas nos componentes da CNV: observação-sentimento-necessidade-pedido, descubro a real necessidade do público-alvo por meio de exercícios de criação, que chamamos de ideação da solução, para depois mapear a necessidade não atendida a partir da experiência que coletamos dos usuários referente ao produto e serviço. Inovar pelo pensamento sistêmico é construir uma solução por um entendimento contextual de fora para dentro; o foco é no sistema, nas relações, e não no indivíduo, é ser capaz de pensar de forma mais coletiva e encontrar soluções que sejam de fato as melhores pensando em todo o ecossistema.

Se há padrões de comportamento que conduzem a rotinas, e estas podem levar a problemas, é preciso identificar os comportamentos que são positivos para os resultados e os que precisam de ajuste. O desafio é que mudar comportamentos de uma pessoa já é difícil, imagine de um grupo? Por isso, é preciso entender a cultura da empresa e, aos poucos, promover mudanças que mexam de forma sistêmica e que, por consequência, alterem os comportamentos. Por isso, é necessário trabalhar novos paradigmas para conceber novas soluções. Como defende Peter Drucker: “Em tempos de turbulência, o maior perigo não é a turbulência, mas agir com a lógica do passado”.

Um fundamento importante oriundo do paradigma circular e sistêmico na inovação não violenta é o aprendizado em vez da culpabilidade: o foco maior é na responsabilidade pela atuação, não na penalidade. A cada resultado mensurado, é preciso maximizar a extração do aprendizado e transformá-lo em sabedoria organizacional, de forma que a inovação seja um processo de aprendizado e experiência que movimente e flexibilize a corporação, sempre ajustando a direção aos objetivos estratégicos e caminhos de sucesso com equivalente agilidade que a dinâmica do mercado promove.

(*) É Membro dos Empreendedores Compulsivos, é especialista em comunicação,  sócia diretora da Flyflow, palestrante, coach, artista plástica, professora e consultora de inovação em desenvolvimento humano. Co-autora do livro PNL e Coaching e autora dos livros Efeito-Melão e Inovação Não Violenta